(Universa| 17/04/2021 | Luiza Souto)
Ao ouvir que o secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Parente, pediu que as mulheres adiem a gravidez até haver uma melhora da pandemia de covid-19, a antropóloga Débora Diniz não ficou surpresa. “É uma história que se repete quando as emergências sanitárias não são capazes de colocar a saúde reprodutiva no centro de qualquer resposta”, diz.
A pesquisadora de questões de gênero e autora de duas edições da Pesquisa Nacional de Aborto (2010 e 2016) lembra que essa recomendação para a mulher não engravidar também foi feita durante outra epidemia, em 2015: a do zika vírus, que provoca microcefalia em fetos.
Segundo reportagem da Folha desta quarta (14), a média semanal de mortes maternas por covid-19 em 2021 já é mais do que o dobro da média de 2020. Passou de 10,4 óbitos (449 mortes em 43 semanas de pandemia em 2020) para 22,2 nas primeiras semanas deste ano, com 289 mortes. Embora estudos mostrem que a gestação e o pós-parto aumentam o risco de complicações e morte por covid-19, no Brasil o alto número de óbitos maternos associados à doença é atribuído, principalmente, à falta de assistência adequada, segundo especialistas.