(Universa – UOL | 22/05/2021 | Por Cristina Zahar, Letícia Kleim e Maria Esperidião)
Chorume, prostituta profissional, porca mentirosa, velhota ordinária, filha da puta maldita, cadela comunista, vaca, monstra, cheiradora de pó, égua, piranha rampeira, putinha de esquerda, vadia, bruxa, macaca, projeto escuro de blogueira, tosca, plastificada, pelancuda. É assim que milícias virtuais se referem às mulheres jornalistas no exercício da profissão. Na última semana, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) vem registrando a brutalidade dos ataques a colunistas, apresentadoras e repórteres. O linchamento virtual coincide com o acirramento da crise política à luz dos trabalhos da CPI da Covid.
Apenas em 2021, o monitoramento de violações à liberdade de imprensa feito pela Abraji registrou ao menos 15 casos de mulheres jornalistas que sofreram ataques, entre agressões físicas, discursos estigmatizantes e campanhas sistemáticas de desprestígio realizadas pelas redes sociais.
Ofensas misóginas, comentários pejorativos e ameaças de morte levaram mulheres a fechar temporariamente suas redes sociais só por exercer a profissão de jornalista. Muitos casos chegam à Abraji com um pedido de socorro acompanhado do medo de denunciar. Há sinais claros de subnotificação, sobretudo fora das grandes capitais e em cidades onde o banditismo e as esferas de poder estão imbricados.
*Cristina Zahar é secretária-executiva da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo); Letícia Kleim monitora os casos de violência contra jornalistas na Abraji; e Maria Esperidião é gerente-executiva da Abraji