Jovens de 13 a 17 anos assinalaram questões em relação à própria saúde física e mental na última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE); meninas também bebem e fumam mais cedo. Veja números
(O Globo | 10/09/2021 | Por Arthur Leal)
RIO — O IBGE divulgou, nesta sexta-feira (10), os novos números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), onde estudantes do Brasil inteiro, entre 13 e 17 anos, responderam a um questionário que aborda diversos aspectos de suas vidas pessoais, que vão desde a alimentação e higiene, estrutura das escolas, até o uso precoce de álcool, drogas e questões envolvendo violência sexual. Mesmo tendo sido realizada antes da pandemia, em 2019, uma das questões importantes que a pesquisa levanta com seus dados é em relação à necessidade de atenção quanto à saúde física e mental dos jovens, sobretudo das meninas. De modo geral, elas aparecem como maioria entre os estudantes que apontaram sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, bullying, abusos sexuais, dificuldade de aceitação do corpo, entre outros pontos sensíveis.
Dados ajudam a traçar estratégias para efeitos da pandemia
Pesquisa foi realizada antes da Covid-19, mas alimenta poder público de informações importantes, segundo pesquisadores
No contexto da pandemia, os pesquisadores reforçaram que o estudo — em sua 4ª edição — chega para cumprir um novo papel, de fornecer ao poder público informações imediatamente anteriores à Covid-19, o que segundo eles, ajuda a traçar importantes parâmetros para o direcionamento de políticas públicas de recuperação da saúde desses jovens e adolescentes. A pesquisa mostra, por exemplo, que 13,8% dos adolescentes afirmaram que nunca ou raramente lavam as mãos antes de comer; hábito impensável hoje,em tempos de pandemia. Além disso, apenas 61,5% disseram que sua escola possuía pia ou lavatório em condições de oferecer sabão para lavagem das mãos — quase todas nas instituições públicas
— Essa casualidade infeliz que tivemos de ter a PeNSE imediatamente antes da pandemia acho que é o fator mais importante. Ou seja, como avaliar aqueles fatores de risco e problemas que já existiam e eram importantes para esses adolescentes pré-pandemia e que se agravaram sobremaneira durante a pandemia e que precisam urgente de providências no sentido de serem enfrentados? — comentou Marco Andreazzi, gerente de Estatísticas da Saúde do IBGE. — Questões tão simples, como ter pia, água e sabão para lavar as mãos, que podem parecer irrelevantes, ganham importância ainda maior nesse momento. Assim como as questões de saúde mental, violência, atividade sexual, álcool. Todos esses fatores sofreram e sofrem uma influência muito grande das condições de vida do adolescente.