De corpo e alma na luta: a enfermeira que batalha pelo aborto seguro há 40 anos

29 de setembro, 2021

Paula pega mulheres pela mão para garantir que tenham direito ao aborto legal e seguro

(AzMina | 28/09/2021 | Por Joana Suarez)

Severina Ferreira finalmente tinha uma autorização judicial para interromper a gestação do feto anencéfalo que carregava há 7 meses na barriga, mas não achava hospital que aceitasse fazer o procedimento. A enfermeira Paula Viana pegou a mão dessa mulher – no sentido mais amplo desse gesto – e juntas foram de uma unidade à outra, até que, já anoitecendo, entraram na sala de triagem do Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), no Recife.

“Por mim tudo bem, eu não tenho nenhum problema [com o aborto], mas os anestesistas não vão fazer, vamos ter que esperar até amanhã”, disse o médico de plantão. “Aí eu me arretei”, conta Paula, que o mandou procurar um profissional para iniciar o procedimento de imediato, nem que fosse preciso contratar alguém, pois o hospital não poderia negar aquele atendimento. E assim foi feito.

O martírio de Severina – na Justiça e na Saúde – foi narrada no documentário dirigido por Eliane Brum e Débora Diniz, em 2005. Nessa época, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o aborto em casos de anencefalia, o que só foi revertido pelo próprio STF em 2012, com o depoimento de Severina. Mas a história que vamos contar agora é a da também pernambucana Paula Viana, 58 anos.

Enfermeira, parteira e ativista pelo aborto seguro – Paula aparece no filme ao lado de Severina peregrinando nos hospitais. Essa foi uma das várias situações em que ela esteve junto para garantir o exercício do direito da mulher. Há 40 anos, ela percorre um caminho que é, sobretudo, feminista. Vai completar três décadas como integrante e coordenadora do Grupo Curumim – Gestação e Parto.

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