(Liga Brasileira de Lésbicas) ‘Discutindo e Celebrando as Relações entre as Mulheres’.
Local da concentração: Praça Oswaldo Cruz (próximo ao Shopping Paulista, Metrô brigadeiro) às 13 horas
Término: Praça d@s Ciclistas (Avenida Paulista próximo à rua da Consolação)
10 anos da Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo
O ano era 2002. Pela primeira vez mulheres lésbicas e bissexuais ocupavam a Avenida Paulista para celebrar seu amor, mas também para marcar o início da Caminhada que representa hoje um marco nos movimentos de reivindicação a favor dos direitos que historicamente lhes foram negados por conta do machismo, misoginia, lesbofobia e bifobia. Dez anos depois sairemos mais uma vez para homenagear as pioneiras que nos precederam, afirmar nosso direito de amar, comemorar as conquistas e mostrar que ainda há um longo caminho a ser percorrido para finalmente alcançarmos uma sociedade promotora dos princípios fundamentais da igualdade perante a lei, dignidade e todas as garantias que um Estado Democrático tem a obrigação de proporcionar.
Há sim motivos para comemorar! A vitória a favor do Estado Laico obtida no Rio Grande do Sul, onde os tribunais não deverão mais ostentar símbolos religiosos, foi de extrema importância para afirmar o Brasil enquanto um país que respeita o direito à fé, mas defende o princípio da laicidade estatal justamente para garantir que todas as religiões possam ser professadas harmoniosamente no território nacional, sem que nenhuma seja privilegiada ou preterida! E ainda, que as cidadãs e cidadãos que não professam fé religiosa possam ter a certeza que não serão marginalizados por leis e julgamentos fundamentados em princípios contrários à Constituição. Essa fantástica conquista no Rio Grande do Sul foi fruto do empenho das mulheres da Liga Brasileira de Lésbicas e outras organizações, motivadas pela ideia basilar de que um país democrático deve ser orientado por princípios que incluem, jamais excluem por qualquer razão, seja religiosa ou não!
A decisão do Supremo Tribunal Federal a favor da interrupção da gestação de fetos anencéfalos é o reconhecimento, tardio e ao mesmo tempo incipiente, de que as mulheres devem ser as juízas em assuntos referentes aos seus próprios corpos e vidas. O direito mais fundamental e primordial é o da liberdade de dispormos livremente dos nossos corpos! E por mais estranho que esse assunto possa soar para o tema de uma Caminhada Lésbica e de Mulheres Bissexuais, há de se reconhecer que se negam às mulheres a escolha de seguir ou não com uma gestação de um feto que não viverá fora do útero, nega-se também o direito sobre o corpo, e é com o corpo que amamos. Não há condições para a defesa das nossas liberdades e garantias, precisamos ter a opção básica de decidirmos sobre todos os aspectos de nossas próprias vidas, e isso inclui levar ou não até o fim uma gestação de risco, viver plenamente nossos amores com outras mulheres e termos, finalmente, acesso às todas as possibilidades de vivermos plenamente! Somos lésbicas e bissexuais feministas e somos, antes de tudo, mulheres! E como tais, tudo o que diz respeito às mulheres nos dizem respeito também!
Mas mesmo com essas vitórias importantes ainda há muito a ser feito. Grupos contrários a essas conquistas tão elementares se fortalecem alimentados pela dificuldade tacanha de viver com a diversidade e lidar com as liberdades alheias. Querem nos dizer como amar, quem amar, como devemos viver, o que podemos fazer! Proclamaram-se defensores de uma moralidade que eles julgam correta e, portanto, podem agredir, ameaçar e matar quem eles consideram transgressores dos códigos que os próprios elegeram como certos! Nossas conquistas estão sob artilharia pesada e não podemos esmorecer sob pena de perdemos tudo o que conquistamos com tantos esforços. Sim, vamos comemorar as conquistas, celebrar o amor, mas mostrar que estamos vigilantes e não nos contentaremos com nada aquém do que nos é de direito!
Então, venha celebrar conosco os dez anos da maior Caminhada de Lésbicas e Mulheres Bissexuais do Brasil. Venha também protestar contra as injustiças e promover a luta por um país mais equânime!
Que o ano de 2012 seja marcado não pelo fim do mundo, mas pela realização da maior Caminhada Lésbica e de Mulheres Bissexuais da história do Brasil!