A Casa da Mulher Catarina e a Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos lançaram na última quarta-feira, dia 11/12, uma campanha com o objetivo de incluir, promover e disseminar na categoria de jornalistas profissionais e na sociedade o debate sobre relações de gênero, em especial a violência de gênero como um problema que impacta a vida e a cidadania das mulheres.
Num evento que antecedeu a reunião do Comitê Gestor da Rede Feminista, vários coordenadores de movimentos sociais puderam dar seus depoimentos sobre a campanha.
Clair Castilhos, secretária executiva nacional da Rede, destacou que o objetivo é sensibilizar os jornalistas sobre o tema, pois quando a questão é tratada muitas vezes transformam-se em relatos que, apesar de ter intenção honesta e correta, acabam trazendo comentários que refletem séculos de uma sociedade machista, transformando a vítima em ré.
A representante do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Vera Daisy Barcellos Costa, acredita que a campanha vai mexer muito com as redações. “Nossa expectativa é que a categoria perceba com mais profundidade os temas relacionados a Direitos Humanos”, disse ela.
A representante do Coletivo Feminino Plural, também do Rio Grande do Sul e jornalista, Télia Negrão, contou um pouco da trajetória da campanha “Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas”. Ela ressaltou que é preciso continuar falando com as mulheres, mas é preciso responsabilizar o conjunto da sociedade, portanto o envolvimento com a imprensa é fundamental.
Sirley Vieira, do Instituto Papai/RHGE se declarou feliz por participar de uma iniciativa que vai provocar a reflexão. “Vamos continuar questionando, por muito tempo, até a perspectiva utópica de não haver mais violência”.
O vereador de Florianópolis Matheus Felipe de Castro esteve presente ao lançamento e ressaltou a importância da iniciativa voltada aos profissionais da imprensa, lembrando que os veículos de comunicação têm servido para a propagação de estigmas e estereótipos, sobre os quais os profissionais precisam refletir.
“Queremos mexer com as jornalistas e os jornalistas, queremos debater sobre como a mídia enxerga as questões da mulher”, provocou a secretária da Casa da Mulher Catarina Sheila Sabag.
SOBRE A CAMPANHA
A Campanha “Jornalistas dão um ponto final na violência contra mulheres e meninas” foi desenvolvida pela Casa da Mulher Catarina, com parceria da Rede Feminista de Saúde e apresentou o projeto aos organizadores da campanha latino-americana Ponto Final na Violência Contra Mulheres e Meninas (www.campanhapontofinal.com.br). O projeto, além deste apoio, também foi encampado pela Secretaria de Política para as Mulheres do Governo Federal; Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher; Rede Feminista de Saúde; Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul; Coletivo Feminino Plural; Rede de Homens pela Equidade de Gênero; eRed de Salud de las Mujeres Latinoamericanas y del Caribe (RSMLAC).
Para debater a abordagem da imprensa sobre as questões da violência, a ideia foi realizar o Concurso Nacional de Jornalismo sobre Violência de Gênero. Depois de selecionadas as reportagens vencedoras ocorrerá o Seminário Internacional sobre Mídia e Violência de Gênero, no mês de abril de 2014.
Segundo a organização da campanha, essa necessidade de difundir o tema se dá pelos altos níveis de ocorrência da violência contra mulheres e meninas, em função das profundas raízes culturais do problema e sua banalização.
COMO FUNCIONA O CONCURSO
Para participar do Concurso Nacional, os jornalistas devem se inscrever entre os dias 11 de dezembro de 2013 a 31 de janeiro de 2014, com o preenchimento de uma ficha de inscrição específica disponível abaixo.
A ficha de inscrição preenchida pode ser enviada pela internet para o e-mail [email protected]. A análise das reportagens a serem premiadas irá contemplar os seguintes critérios: Originalidade; Pertinência; Caráter investigativo; Criatividade no desenvolvimento da pauta; Linguagem e fontes consultadas.
A organização sugere alguns temas sobre a questão da violência contra as mulheres e meninas no Brasil: Lei Maria da Penha; Violência de gênero; Ações Afirmativas de enfrentamento a violência contra mulheres e meninas; Políticas Públicas de promoção da equidade de gênero; Direitos Humanos e cidadania das mulheres e o Movimento feminista.
PREMIAÇÃO – Será distribuído um total de R$ 20 mil reais em prêmios (sobre os valores brutos dos prêmios incidirá Imposto de Renda) nas seguintes categorias:
1. Mídia Impressa: R$ 5 mil reais;
2. Televisão: R$ 5 mil reais;
3. Rádio: R$ 5 mil reais;
4. Outras mídias: R$ 5 mil reais.
REGULAMENTO PRÊMIO NACIONAL DE JORNALISMO SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO