(Maxpress, 09/11/2015) Relatório recentemente lançado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) afirma que a igualdade de gênero é um fim e um meio para alcançar o desenvolvimento e a consolidação de sociedades mais justas e democráticas, mas apesar dos avanços, a desigualdade de gênero continua sendo uma marca da desigualdade social na região.
A desigualdade de gênero se baseia na divisão sexual do trabalho, que relega às mulheres a responsabilidade de manutenção do lar e cuidado dos filhos/dependentes, limitando seu tempo e oportunidades para participar no trabalho remunerado e ter autonomia econômica.
O relatório relaciona o trabalho doméstico não remunerado à pobreza, na medida que impede a mulher de atingir a autonomia econômica, o que também está relacionado, segundo o relatório, à violência de gênero. Já as mulheres que combinam o trabalho doméstico não remunerado e o trabalho remunerado no mercado, enfrentam uma alta jornada de trabalho. Os dados mostram ainda que tal questão não afeta somente mulheres adultas, mas afeta as mulheres desde a infância. Além disso, muitas idosas nunca se “aposentam” destas responsabilidades e, na velhice, ao invés de ser objeto de cuidado, passam a ser cuidadoras de outros dependentes, como netos, cônjuges ou outros idosos. O gráfico abaixo traz informações sobre a partilha desigual do trabalho doméstico entre os membros do lar em três países da região.
América Latina: distribuição de horas semanais dedicadas a trabalho doméstico e de cuidado, segundo sexo e posição de parentesco no lar, por volta de 2010 (em %)
Outro dado importante para caracterizar a desigualdade de gênero é a falta de autonomia econômica: na região, as mulheres são 51% da população total, mas correspondem a 38% da renda monetária total gerada. O relatório mostra que, com variações entre os países, em 2011, 32% da população feminina não estudante com 15 anos ou mais não tinham renda própria, contrastando com 12% da população masculina desta mesma faixa etária e condição.
América Latina (17 países): mulheres não estudantes de 15 anos ou mais sem renda própria, por volta de 2002 e 2011 (em %)
Fundação Perseu Abramo
Acesse no site de origem: Cepal: igualdade de gênero é um fim e um meio para alcançar o desenvolvimento (Maxpress, 09/11/2015)