(Vermelho, 21/06/2015) A cultura patriarcal continua fazendo vítimas cotidianamente. Superar a assimetria na relação entre homens e mulheres é um grande desafio para todos aqueles e aquelas que sonham com uma sociedade justa e igualitária. Construir um mundo em que as diferenças de gênero, raça, credo, orientação sexual etc não sirvam como elementos legitimadores da opressão é a tarefa destacada das/dos comunistas.
Nesse sentido, o nosso desafio é trazer para a luz do dia aquilo que, por muito tempo, permaneceu debaixo do tapete: as práticas de violência contra a mulher. Chamar a atenção para a dimensão social e cultural dessas práticas. Cabe a nós, também, exigir a punição do agressor, com base na Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha e a proteção às vítimas.
A cada 90 minutos, uma mulher é assassinada no Brasil e ter consciência desse fato é fundamental para superar a naturalização da violência de gênero e compreender que esta violência decorre das relações sociais, instituídas nos marcos de uma sociedade patriarcal.
O machismo predominante na sociedade faz uma inversão dos acontecimentos e das responsabilidades decorrentes dos atos violentos. Muitos são os casos de pessoas que, contaminadas por essa lógica, remetem à vítima da violência a condição de culpada. Ou seja, a mulher deixa de ser vítima e é acusada de ser a causa da violência.
Este fenômeno, para ser enfrentado, exige uma postura revolucionária de homens e mulheres na ação contínua pela desconstrução da cultura patriarcal, atuando para fortalecer a vítima e assegurando que ela dê o passo fundamental no combate dessa prática: a denúncia.
Pela convicção de que a denúncia é uma forma de superar a invisibilidade da violência praticada contra a mulher e, por consequência, é o caminho de ruptura com o ciclo por ela estabelecido, nós, mulheres e homens do PC do B, manifestamos o nosso apoio e solidariedade à companheira Juliana Gonçalves que, no dia 7 de maio, foi agredida fisicamente por Rony Rodrigues Terêncio.
Ao agir, registrando a ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Juliana exerceu a sua condição cidadã e, ao fazer isso, colocou em movimento o sistema de justiça com vistas à punição do agressor.
Mas, para além desse imprescindível desdobramento, esta atitude é exemplar para muitas outras Julianas, Teresas, Antonias que, por desconhecerem o seu direito a uma vida sem violência, continuam submetidas a dor, a tristeza, ao esvaziamento de si mesmas.
Decorre daí a necessidade de desvelarmos as relações sociais entre homens e mulheres tais como acontecem e agirmos no sentido de legitimar a luta das mulheres por sua emancipação.
É certo que a luta pela emancipação das mulheres deve tê-las como protagonistas. Porém precisa ser entendida como uma luta de homens e mulheres, de todos e todas que acreditam que é possível sim, construir uma sociedade muito melhor que essa em que vivemos.
Olgamir Amancia é professora da Universidade de Brasília (UnB) e secretária da Mulher do PCdoB-DF
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