(Agência Patrícia Galvão, 02/04/2014) Durante a 3ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III CONAPIR), realizada em Brasília em novembro de 2013, o coletivo #comunicadorasnegras produziu uma série de entrevistas com lideranças do Movimento Social Negro do Brasil, em suas diversas representações: Mulheres, Mídias, Direitos Humanos, com os principais questionamentos da sociedade brasileira que se opõe às políticas de ações afirmativas.
No vídeo abaixo, Creuza Oliveira, Presidente da Federação Nacional das Empregadas (Fenatrad) põe por terra uma série de mitos relacionados à PEC das empregadas domésticas.
Creuza desmonta vários mitos sobre a regulamentação do trabalho doméstico no Brasil e expõe de forma contundente a discriminação e superexploração a que sua categoria profissional ainda é submetida.
Aos 54 anos, Creuza fala do alto da experiência de quem começou a trabalhar em casas de outras pessoas aos 10 anos de idade. “Não é justo que uma categoria que constroi, que contribui para a economia brasileira, trabalha, é chefe e arrimo de família, continue sendo escrava a vida toda. Existem países que não têm 8 milhões de habitantes, e o Brasil tem 8 milhões de trabalhadoras domésticas”.
“É uma categoria que contribui para outras mulheres e homens saírem ao mercado de trabalho, buscarem suas riquezas. E essa categoria fica dentro das casas, cuidando da limpeza, do bem-estar, da saúde, da educação e de repor a força de trabalho do outro e da outra trabalhadora que sai à rua e, quando volta, encontra tudo limpo, arrumado, seus filhos cuidados, enquanto os filhos dessa trabalhadora doméstica estão lá soltos, sem ter quem cuide. E muitos jovens que morrem com 12, 13, 14 anos, a juventude negra que está sendo exterminada, são filhos de trabalhadoras domésticas que saem às cinco horas da manhã das suas casas e voltam às oito horas da noite, que estavam cuidando dos filhos dos patrões”, ressalta.
A Agência Patrícia Galvão reproduz o material como subsídio ao debate sobre a proposição legislativa que ainda está em análise no Congresso Nacional.
Assista aqui a entrevista concedida à jornalista Angélica Basthi.