(Câmara Notícias, 26/08/2015) Uma em cada três pessoas deverá desenvolver câncer. A afirmação é do diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Paulo Eduardo de Mendonça, em audiência realizada nesta terça-feira (25) pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Os participantes do debate mostraram um cenário de insuficiência de recursos para lidar com a doença e constataram a necessidade de políticas públicas de prevenção e de diagnóstico.
Mendonça ressaltou que o câncer tem uma série de causas, entre elas o aumento do tempo de vida da população e até a obesidade, mas apontou outras dimensões do problema.
“A matriz industrial e a concentração industrial no Brasil têm a ver com o câncer. As grandes metrópoles com 6 milhões, 20 milhões de habitantes; e a estrutura de transporte que nós possuímos, público, de baixa intensidade e densidade, muito uso de automóveis particulares, tem a ver com o câncer”, afirmou.
O diretor do Inca previu que o câncer será a principal causa de morte no Brasil em 2020. Um dos problemas mais graves hoje, segundo ele, é que 60% das pessoas são diagnosticadas em estágio avançado. Ele citou que 21% das mulheres de 25 a 64 anos no Brasil não fizeram exames preventivos de mama ou colo do útero nos últimos três anos.
Distribuição de recursos
Já o diretor do Hospital do Câncer de Barretos (SP), Henrique Prata, disse que o governo precisa rever a lei que concedeu benefícios fiscais para os chamados “hospitais de excelência”, que hoje contemplam cinco unidades de São Paulo e uma do Rio Grande do Sul. Segundo ele, esses hospitais privados têm benefícios de R$ 1 bilhão por ano, enquanto o seu hospital recebe menos da metade dos recursos necessários, atendendo apenas o Sistema Único de Saúde (SUS).
O deputado Antônio Jácome (PMN-RN) disse que a comissão vai realizar nova audiência para discutir o assunto. “Nós não podemos deixar que essa denúncia caia no esquecimento porque a seriedade dela pode estar custando a vida de milhares de brasileiros, que precisam da boa utilização dos recursos públicos para o tratamento do câncer”, declarou.
A representante do Ministério da Saúde, Heide Gauche, afirmou que o programa relativo aos hospitais de excelência já está sendo revisto em relação aos critérios de participação. Ela reconheceu, porém, que outra fonte importante de recursos, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, teve um corte orçamentário grande neste ano. Ela pediu apoio dos deputados com as emendas parlamentares impositivas ao orçamento da União.
Heide disse ainda que está sendo feito um recadastramento dos 283 hospitais habilitados na área de oncologia. A ideia é reduzir a fragmentação do atendimento e focar no diagnóstico. Segundo ela, serão comprados 80 novos equipamentos de radioterapia até o final do ano.
Sílvia Mugnatto; Edição – Pierre Triboli
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