Centro antiaborto espalha mentiras com verba pública de deputados de extrema direita

27 de abril, 2023 Agência Pública Por Raphaela Ribeiro

Cervi mantém relações com parlamentares como Damares Alves, Janaína Paschoal e a família Gandra

Se você é uma das 5 milhões de pessoas que utilizam o metrô da cidade de São Paulo diariamente, é possível que já tenha se deparado com um dos 70 cartazes do Centro de Reestruturação para a Vida (Cervi), afixado nos murais de aviso das estações. Por cima da silhueta do rosto de uma mulher, pintado na cor preta, há a seguinte pergunta em letras vermelhas garrafais: “GRÁVIDA?”. Logo abaixo, aparece uma mensagem ambígua — “Você está confusa ou completamente sozinha… Quais são as suas opções?”—, seguida de um “Ligue para Nós”, dois telefones e o logo da organização. Quem entra em contato pelos telefones no cartaz é convidado a conversar pessoalmente com uma assistente social ou psicóloga, que busca convencer a pessoa a levar a gravidez adiante por meio de promessas de ajuda e informações falsas sobre o procedimento do aborto.

Com atuação em todo o Brasil, a organização foi fundada nos anos 2000 e é ligada à rede americana Pregnancy Resource Center (PRC), conhecida pelas ações voltadas para dissuadir mulheres de abortar.

Em seu site, o Cervi se descreve como um centro assistencialista, oferecendo atendimento “integral a mulheres e familiares que enfrentam uma gravidez inesperada, vítimas de abuso sexual, violência doméstica ou que tenham passado pela experiência do aborto”. Informa já ter auxiliado mais de 6 mil mulheres, com o total de 18 mil atendimentos até 2020, sem esclarecer, porém, qual foi o tipo de ajuda prestada.

Em paralelo ao trabalho assistencialista, a organização mantém um forte ativismo na luta contra a legalização do aborto. Com uma sucursal em Brasília, bate ponto em reuniões, atos e audiências relacionadas às mulheres e aos direitos reprodutivos, além de se esforçar para captar fundos para a organização. A Agência Pública identificou ao menos R$ 170 mil em emendas parlamentares destinadas ao centro nos últimos quatro anos, sendo que destes R$ 100 mil vieram da Secretaria Nacional de Política para Mulheres, parte do então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos comandado pela hoje senadora Damares Alves.

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