(Folha de S.Paulo, 03/08/2016) Aos 66 anos e retomando a paixão pela atuação, a atriz Sonia Braga falou à revista “Elle” de agosto sobre cinema, trabalho e a decisão de não ser mãe, com a qual ela precisa lidar até hoje.
“Há mulheres que, se não tiverem um filho, enlouquecem. Nunca senti essa necessidade”, conta.
Defensora da descriminalização do aborto no Brasil, Sonia Braga revela já ter interrompido mais de uma gravidez, sendo a primeira aos 17 anos.
“Meu primeiro aborto, eu era muito criança. Tinha 17 anos. Se não tivesse um médico de confiança, eu poderia ter morrido. Crime é o aborto não ser legal no Brasil. Não pode ter restrição, pelo contrário. Tem que educar e facilitar isso para as mulheres. Já conseguiram fazer a delegacia da mulher. Agora é preciso cuidar da saúde delas”, defendeu.
Elogiada em Cannes pelo papel em “Aquarius”, do diretor Kleber Mendonça Filho, Sonia também falou sobre a relação com a profissão de atriz e sobre o tempo em que ficou afastada das telas.
“Eu sofro quando reprisam algo que fiz e não me pagam. Processei a Globo por isso. Há muitos anos, eu passei a ser uma exilada cultural. Ao mesmo tempo que sou uma representante do Brasil, não me chamavam para trabalhar. Começou a minha ausência no cinema, na TV brasileira. Então me fechei aqui e comecei a fazer essa coisinha de andar todo dia, tirar foto. Mas cheguei de Cannes com um estalo: vou assumir ser atriz, vou trabalhar em cinema, fazer o que eu gosto. Não sei como, mas vou fazer isso”, contou.