(Agência Patrícia Galvão) De uma lista de questões da agenda dos movimentos de mulheres, 29% dos entrevistados apontaram a Aids como um dos problemas que mais preocupam a brasileira e 19% indicaram “o crescimento da epidemia entre mulheres”.
Trata-se de uma pesquisa inédita sobre mulheres e Aids encomendada pelo Instituto Patrícia Galvão ao Ibope em 2003, e realizada com o apoio do Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher).
Na percepção dos entrevistados, há questões mais preocupantes do que a Aids, como o câncer de útero e mama, mencionado por 48%, e o problema da violência doméstica, que é destacado por 46%. Estes dois últimos temas, que estão em evidência entre as preocupações atuais dos pesquisados, têm estado presentes na mídia de forma contínua, tanto no noticiário e em campanhas publicitárias, como em tramas de novelas televisivas de grande audiência.
No caso do HIV e da Aids, é possível que essa questão esteja sendo percebida pela população como um problema melhor equacionado, devido à política de distribuição gratuita de medicamentos. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que a comunicação do tema, através de campanhas em veículos de massa, tem sido esporádica e pouco sustentada, ficando restrita principalmente ao período do Carnaval.
Segundo essa pesquisa, o aumento da Aids no país não alterou o comportamento de 41% dos homens e de 52% das mulheres. O aspecto que mais mudou – e para os dois sexos – foi a estratégia de reduzir o número de parceiros ou manter parcerias sexuais exclusivas, ou ainda exigir fidelidade. Pelo menos um destes três aspectos é mencionado por 38% dos entrevistados – 42% entre os homens e 32% entre as mulheres.
Apesar de o uso da camisinha ser a recomendação mais fortemente difundida em campanhas educativas, o preservativo é adotado apenas por 28% dos entrevistados – 36% dos homens declaram que passaram a usar camisinha, enquanto apenas 19% das mulheres o fizeram.