Pesquisa mostra que 64% das garotas engravidou sem querer e 88% são mães solteiras
Para muitas mulheres adultas, a gravidez é planejada e as fases da gestação são rodeadas pela ansiedade do nascimento do bebê. Quando a gravidez ocorre na adolescência, o gestar se torna algo preocupante e incerto. Por dia, nascem cerca de mil bebês filhos de mães adolescentes, no Brasil, e uma pesquisa revelou que 20% delas afirmaram não saber como evitar filhos.
“Os resultados que alcançamos com o estudo demonstram uma premissa simples: precisamos falar mais sobre gravidez na adolescência ainda em 2023/2024 e olhar para as mães adolescentes. Hoje temos o dobro dos nascidos vivos destas jovens em comparação a países desenvolvidos”, destaca o pediatra Tiago Dalcin, líder do projeto Adolescentes Mães do Hospital Moinhos de Vento.
Entre agosto de 2022 e maio de 2023, as vozes de 1.177 mulheres de cinco regiões do país foram ouvidas pelo Projeto Adolescentes Mães, que é liderado pelo Hospital Moinhos de Vento por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde. O estudo foi publicado em dezembro, com o objetivo de avaliar o perfil biopsicossocial de mães adultas e adolescentes.
A partir de hospitais selecionados, mães adolescentes e jovens foram recrutadas. Durante dez meses, a equipe do projeto foi in loco para realizar entrevistas com 1.177 mães, divididas em duas categorias: adolescentes de 10 a 19 anos de idade (49,5%) e adultas de 20 a 29 anos (50,4%). Das mães adolescentes, 2,12% são meninas que foram mães entre 10 e 14 anos.
A média de idade de participação das adolescentes no estudo é de 17 anos, enquanto a de adultas é de 24. A maioria das participantes se considera parda e há uma prevalência de mães solteiras: cerca de 88,5% entre as adolescentes, e 73,7% entre as adultas.
A maioria das adolescentes e das adultas têm Ensino Médio incompleto e estão desempregadas. O levantamento ainda revelou que 67% das mães adolescentes não estudavam quando o filho nasceu e 79% não estudavam no momento da entrevista. Para a maioria das meninas-mães, uma das principais consequências da maternidade foi o abandono do estudo.