(Folha de S. Paulo, 07/01/2015) Médicos avaliam que o incentivo ao parto normal deve ser acompanhado por mais infraestrutura nos hospitais e também por uma gestão adequada desse procedimento.
Como foi anunciado nesta terça (6), os médicos serão obrigados a justificar a escolha por cesáreas feitas em gestantes, e os planos de saúde poderão se recusar a pagá-los caso avaliem que esse procedimento era desnecessário.
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Para o ginecologista e obstetra Carlos Alberto Petta, do Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês, a necessidade da presença do médico durante todo o parto pode ser revista em hospitais de grande porte.
Ele explica que o parto normal leva, em média, 12 horas, em vez das três horas da cesária. Nesse tempo, diz o obstetra, o médico deve estar presente em todo momento, o que pode prejudicar o atendimento a outras pacientes.
“Nos Estados Unidos, há a figura da enfermeira obstetriz, que acompanha a paciente. Há 30 anos era assim no Brasil também”, diz.
Já para a obstetra Mara Diegoli, que fez partos durante 35 anos, os hospitais devem estar preparados para manter uma equipe completa 24 horas dentro do hospital.
“É preciso haver um anestesista, uma enfermeira obstetra, um médico obstetra e um pediatra 24 horas de plantão”, afirma.
Também, segundo ela, deve-se garantir que toda gestante tenha acesso a um leito de maternidade, próximo de sua casa, sem precisar se preocupar em ser rejeitada por vários hospitais.
Sobre o número alto de cesáreas registradas no país, Carlos Alberto Petta explica que o índice também é puxado por uma escolha da própria paciente, que quer a comodidade de ter uma hora marcada para o nascimento de seu filho.
“O médico deve avaliar [o desejo da grávida], pois é ele quem vai responder pelo risco desnecessário”, afirma. “E a cesárea tem risco aumentado de infecções.”
Outro motivo, diz ele, é que muitas mulheres têm medo da dor no parto normal –e, por isso, informação e uma equipe treinada são imprescindíveis, em sua opinião.
Monique Oliveira
Acesse o PDF: Incentivo ao parto normal deve vir com mais infraestrutura, diz médico (Folha de S. Paulo, 07/01/2015)