OUTRO LADO: Secretaria da Saúde da capital paulista afirma que ‘atende às demandas a partir de determinação legal e em observância à legislação’
Uma mulher que tenta, há cerca de um mês, fazer um aborto legal na cidade de São Paulo estaria sendo pressionada por profissionais da rede municipal de saúde a desistir do procedimento. O caso é acompanhado pela Defensoria Pública paulista e pela ONG Projeto Vivas.
A tentativa de dissuasão teria ocorrido no Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mário Degni, no Rio Pequeno, na zona oeste da cidade. Ela relata ter sido questionada sobre qual nome gostaria de dar para o feto e orientada a apresentar um familiar que concordasse com sua decisão para então fazer o procedimento, embora seja adulta.
A paciente, que é uma mulher negra de 21 anos, diz ser vítima de violência doméstica e sexual praticada por seu então namorado. Após descobrir a gestação de forma tardia e passar por um estado depressivo, ela buscou atendimento no Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, no Campo Limpo.
Num primeiro momento, foi acolhida por psicóloga e assistente social, mas a ginecologista responsável estava de férias e ela precisou ser transferida para o Rio Pequeno.
A mulher voltou a ser atendida por uma psicóloga e por uma assistente social no segundo hospital. A ela teria sido perguntado se o pai do feto estava feliz com a gestação, qual seria o nome dado ao nascituro e se ela considerava entregá-lo para adoção.
Ela também teria ouvido que seria uma “mãe guerreira” caso optasse por manter a gravidez. Por fim, foi encaminhada para uma consulta com ginecologista.
Na semana seguinte, o profissional que deveria atendê-la não compareceu, e a consulta foi remarcada para a semana subsequente —o atendimento, porém, foi novamente cancelado. Quando enfim foi recebida, uma médica do hospital teria dito que pensaria se aceitaria atender o caso e feito um alerta de que a paciente deveria se responsabilizar pelo funeral do feto.