(Agência Brasil, 01/12/2014) A aids é mais recorrente entre homens do que entre mulheres, no Brasil, mas a diferença vem diminuindo ao longo dos anos, segundo o Ministério da Saúde. Em 1989, a proporção era de seis casos de aids no sexo masculino para cada caso no sexo feminino. Em 2011, a equivalência baixou para 1,7 caso em homens para cada caso em mulheres – de uma proporção de 500% caiu para 70%.
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Hoje (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, a diretora da Federação Internacional de Planejamento Familiar, Carmen Barroso, destacou que também é preciso atentar para a questão de gênero quando o assunto é saúde. Em entrevista à Agência Brasil, ela afirmou que as mulheres são mais vulneráveis à doença, e as soropositivas sofrem mais preconceito.
“O mais importante é a vulnerabilidade social do que a vulnerabilidade biológica, porque a menina sente muito mais pressão para ter uma relação sexual sem proteção do que o rapaz. O rapaz tem mais controle se usa ou não uma camisinha”, destacou Carmen.
O estigma, o preconceito e o estereótipo também incidem com mais força nas mulheres. Baseada em pesquisas feitas na América Latina, ela aponta que “tanto na família quanto no trabalho, a mulher é muito mais exposta à violência ou ao estigma do que o homem”.
De acordo com a especialista, que atua junto às comissões da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo com estudos sobre aids, gênero e saúde, a relação desigual de poder que ainda existe em muitos casais acaba tornando a mulher vulnerável. Na hora de optar por usar a camisinha, por exemplo, muitas mulheres não se sentem com poder de negociação diante dos homens, o que também está relacionado à dependência econômica e a outras relações desiguais entre os gêneros.
Essa situação pode ser confirmada quando são analisadas as formas de contágio com o vírus. Dados do Ministério da Saúde revelam que 86,3% das mulheres soropositivas, em 2012, foram infectadas por meio de relações heterossexuais. Entre os homens, essa situação gerou 43,5% dos casos.
Já em relação à transmissão, tem diminuído a chamada transmissão vertical do HIV, que é quando o vírus passa da mãe para o bebê, o que o Ministério da Saúde considera ser fruto de políticas voltadas para as gestantes. Nessas situações, Carmen Barroso destaca que é papel dos serviços de saúde divulgar a existência do teste, a importância do teste, para que toda mulher escolha fazê-lo ou não.
“Tem que respeitar a autonomia da mulher grávida, ela tem o direito de ser informada sobre o teste e suas implicações, e ela tem o direito à confidencialidade. Aquele resultado é ela que deve saber, e é ela que deve divulgar, se quiser divulgar”, avalia Carmen.
Segundo o ministério, quando as medidas preventivas são adotadas, a chance de transmissão vertical cai para menos de 1%. Dentre essas medidas estão o uso de medicamentos antirretrovirais durante o período de gravidez e no trabalho de parto.
Helena Martins
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