(Maxpress, 11/02/2015) Enquanto neles, a dor no peito é um sinal, elas se queixam de dor nas costas, cansaço, queimação no estômago e náusea e associam a crise a problemas gastrointestinais ou ortopédicos, retardando a procura do socorro médico
Estudos médicos apontam que no Brasil uma em cada cinco mulheres tem risco de sofrer um infarto. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde. Aproximadamente 20 mil óbitos são decorrentes de problemas cardiovasculares – a primeira causa de morte é o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a segunda é o infarto -, essa incidência vem crescendo entre as mulheres e a taxa de mortalidade por infarto é maior no público feminino.
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde – as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano, mais de 23 mil por dia.
Estimativas também apontam que a probabilidade da mulher morrer de infarto é 50% maior quando comparada aos homens. Segundo a Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardíaca do HCor – Hospital do Coração -, em São Paulo, isso acontece por uma série de fatores. Um das explicações refere-se ao menor calibre das artérias das mulheres, as placas ateromatosas tendem a fechar mais as artérias delas do que dos homens, o que faz com que a obstrução seja mais grave, tornando-as mais propicias a oclusões arteriais. O estrógeno tem função vasodilatadora, evita o acúmulo do LDL, o colesterol ruim, e facilita o HDL, colesterol bom. Mas, na menopausa, período em que as mulheres estão mais velhas e mais propensas a males cardiovasculares, o estrógeno apresenta queda progressiva e diminuição desse efeito protetor.
O que preocupa os médicos é que, diferentemente dos homens, as mulheres nem sempre percebem os sinais de que algo está errado. Um dos principais sinais de alerta está no colesterol. O bom, HDL, deve estar acima de 50 mg/dl. O mau, LDL, abaixo de 100 mg/dl e a pressão arterial não deve passar de 12 por 8.
“As mulheres se queixam mais de dores nas costas, cansaço, queimação no estômago e náusea. Esses sinais, nem sempre reconhecidos e relacionados ao coração, fazem com que as mulheres associem o mal-estar a problemas gastrointestinais ou ortopédicos, o que faz com que demorem para procurar socorro médico. É algo preocupante, pois sabemos que os indivíduos enfartados sem atendimento morrem mais”, esclarece Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardíaca do HCor – Hospital do Coração -, em São Paulo.
Segundo a cirurgiã cardíaca o aumento da incidência de eventos cardiovasculares na mulher é consequência do envelhecimento natural e do estilo de vida. “Somado a esses sinais, outras condições negligenciadas pelas mulheres as transformam em vítimas potenciais, como o crescimento da obesidade, o descontrole do diabetes e dos níveis do colesterol, tabagismo, sedentarismo, o estresse do dia a dia e a pressão arterial elevada. A jornada tripla da mulher moderna aumentou o estresse e a ansiedade – fatores que também as deixam mais suscetíveis aos problemas cardíacos”, explica a cirurgiã cardíaca.
Com o envelhecimento, a pressão arterial e o nível de colesterol tendem a aumentar. A falta de atividade física e a dieta inadequada levam ao sobrepeso e à obesidade, que também aumentam o risco cardiovascular. A obesidade é um dos fatores de risco mais preocupantes, já que o número de mulheres obesas no Brasil cresceu 64% em 10 anos. Quando a mulher fuma e usa pílula anticoncepcional, os riscos cardiovasculares são triplicados.
Mesmo podendo acometer todas as pessoas em faixas etárias distintas, o infarto é ainda mais frequente em homens, a partir dos 55 anos, e nas mulheres, após 65. “O infarto acontece em decorrência da oclusão arterial. Sem receber o sangue, o tecido não irrigado morre. Trata-se de uma doença traiçoeira, pois nem todos pacientes apresentam sintomas característicos e a sobrevida depende do diagnóstico e tratamento precoces”, conclui Dra. Magaly.
O aumento das doenças cardiovasculares nas mulheres:
entre as brasileiras, 1 em cada 5 mulheres adultas está em risco de desenvolver doenças cardiovasculares;
o infarto em mulheres é mais fatal do que entre os homens;
no mundo, as doenças cardiovasculares são a maior causa de mortes entre as mulheres, com 8 milhões de mortes por ano. Este número é oito vezes maior do que o de mortes por câncer de mama;
apesar do alto risco, poucas mulheres visitam o cardiologista regularmente;
no Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres;
os sintomas das doenças cardíacas nas mulheres geralmente são diferentes dos sintomas nos homens. Quando o homem vai ter um infarto, costuma sentir uma forte dor no peito que irradia para os braços. Já nas mulheres é comum sentir náusea, fraqueza, dores gástricas e falta de ar – sintomas que podem ser confundidos com outras doenças.
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