(Folha de S.Paulo) Um levantamento do Ministério da Saúde revelou a existência de 359 sites que vendem ilegalmente na internet a droga abortiva Cytotec. Cobram R$ 350 pelo kit de cinco comprimidos. Enquanto a questão do aborto é mantida numa moldura teológica, a vida real ensina que ele está ao alcance de todas as mulheres que aceitam colocar sua saúde em risco, tomando a droga sem assistência médica. (A história da agulha de tricô é lenda e nela acreditou até a doutora Dilma durante a campanha eleitoral.)
Desde o final do século passado, o problema dos médicos deixou de ser o atendimento a mulheres que buscam abortos clínicos. Na absoluta maioria dos casos, as pacientes chegam a eles com os efeitos adversos do Cytotec, e só lhes resta dissuadir as jovens que veem na droga um anticoncepcional de última instância. Tomaram o primeiro, resolveram o problema e pretendem tomar o segundo.
Todo mundo ganharia se, em vez de se discutir se o aborto deve ou não ser permitido, o assunto fosse tratado como uma coisa que está aí, ao alcance de todos (com R$ 350 no bolso), arriscando a saúde das mulheres, muitas vezes adolescentes.
Acesse em pdf: O aborto ao alcance de todos, por Elio Gaspari (Folha de S.Paulo – 27/05/2012)
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