(Agência Patrícia Galvão) Celebramos a decisão do STF em permitir a interrupção da gravidez em casos de anencefalia
“As gestantes que venham a conceber fetos com esta anomalia irreversível e incompatível com a vida poderão agora optar por levar a termo ou interromper a gestação.
A decisão foi tomada com respeito que o Estado deve ter para com as mulheres, capazes de tomarem decisões responsáveis sobre sua vida reprodutiva, mulheres que são cidadãs de um país democrático, plural e regido por um Estado laico, cidadãs de um país que reconhece que a negação deste direito é incompatível com o
respeito à dignidade das mulheres, a sua integridade, a sua saúde física e mental, princípios estes assegurados em nossa Constituição.
Celebramos a posição do STF no que ela concerne diretamente aos direitos reprodutivos das mulheres e também porque esta decisão reafirma princípios fundamentais da dignidade humana para todos os cidadãos deste país.”
Jacqueline Pitanguy, socióloga, diretora da Cepia – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
Rio de Janeiro/RJ – 21 2558.6115 / 8700.3105 – [email protected]
(Fotos de Sérgio Lima, Folhapress)
(Agência Brasil) Um grupo de manifestantes comemorou o resultado parcial do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de ação que pede a interrupção da gravidez em casos de fetos anencéfalos. Até o momento, o placar está em 8 votos a 1 a favor do aborto nessa situação. O grupo soltou balões roxos, simbolizando a liberdade de escolha da mulher.
A blogueira Bianca Cardoso disse à Agência Brasil que ficou satisfeita com a votação. “Essa decisão significa a liberdade das mulheres para poder escolher. Essa escolha é também uma questão de saúde. São nove meses difíceis que a mãe passa e, depois, tem a dor da família com a perda do bebê. Essa situação é ruim para toda a família”, avaliou.
A estudante Thais Rodrigues também comemorou e chamou a decisão de conquista. “A mulher conquistou um direito sobre seu corpo. É ela quem deve decidir se vai dar à luz aquela criança”.
A manifestante Rebeca Tobias classificou a gestação em que a mulher gera um feto anencéfalo como um sofrimento que rebaixa a mãe em sua condição feminina. “Muitas vezes, essas mulheres se dizem incapazes de gerar um filho, isso é prejudicial a elas”.
Os manifestantes, que estiveram em frente ao STF durante o julgamento, se organizaram pela internet. Eles enalteceram o esforço do Judiciário em dar uma resposta à sociedade em casos polêmicos como o aborto de anencéfalos e a união estável de homossexuais. “O Judiciário dá respostas que o Legislativo, nossos representantes legais, não dá. O STF tem representado os direitos humanos muito melhor que eles [os parlamentares]”, disse Bianca Cardoso.
“A decisão do STF mostra a diferença entre Estado e religião, mostra um avanço no sentido do país ser, de verdade, um Estado laico”, acrescentou Rebeca Tobias.