(ONU/BR, 08/03/2016) Iniciativa é uma parceria com a ONU e o governo brasileiro. Com quase 35 anos de trajetória, o programa ‘Viva Maria’ passa a ter duas edições extras por semana – nas quartas e sextas-feiras. Conteúdos são oferecidos para mais de 2 mil emissoras de rádio, com distribuição pela Radioagência Nacional.
As ondas do rádio estão propagando mais informação sobre saúde e direitos das mulheres devido à epidemia de zika vírus. Com quase 35 anos de trajetória, o programa “Viva Maria”, apresentado pela jornalista Mara Régia, tem duas edições extras por semana – nas quartas e sextas-feiras acrescidas de reprises nas segundas-feiras –, inaugurando o programete “Viva Maria com Saúde”.
Veiculados na Rádio Nacional da Amazônia, os programetes são distribuídos pela Radioagência Nacional, que oferece conteúdos para mais de 2 mil emissoras de rádio do país.
A iniciativa se iniciou no último dia 2 de março, como resultado de parceria entre a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ONU Mulheres Brasil, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos, sobre saúde das mulheres em tempos de crise sanitária provocada pelo Aedes aegypti.
A primeira entrevistada do ‘Viva Maria com Saúde’ foi a diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho. Na entrevista, ela chamou a atenção que a resposta à epidemia deve adotar o empoderamento das mulheres como princípio.
“Mais do que nunca nós temos de contar com os serviços de saúde disponíveis, para dar informação correta e aconselhamento, mas também a uma gama de direitos. As mulheres têm de ter, acima de tudo, o direito de optar qualquer que seja a sua decisão, ter condições mínimas de tomar decisão livre de qualquer estigma, preconceito e pressão social”, disse.
Na entrevista, a representante da ONU Mulheres frisou a importância da distribuição de métodos contraceptivos. “Observamos que há boa vontade e universalização do serviço de saúde no Brasil. Tem que estar lá a pílula de emergência [pílula do dia seguinte], métodos contraceptivos, informação e aconselhamento. Observamos que é preciso ter esses reforços”, afirmou Carvalho.
A diretora falou, ainda, sobre o impacto social na vida das mulheres, provocado pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti: dengue, chikunguya e zika.
Segundo ela, nas pessoas em que as enfermidades são mais brandas, há um custo que precisa ser avaliado, pois “pode tirar a pessoa, duas a três semanas do seu trabalho, impedir o cuidado do seu grupo familiar e que não participe de movimentações sociais e organizações comunitárias”, completou.
Vulnerabilidade das mulheres negras
A segunda entrevista da semana foi com a enfermeira Emanuelle Goés, integrante da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras. Moradora de Salvador, a profissional comentou que a Bahia registrou os primeiros casos. Desde o início da epidemia, em outubro de 2015, há 34 mil notificações da doença do vírus zika vírus, sendo 65% de mulheres.
“A gente precisa pensar onde as mulheres negras estão inseridas, a exemplo do em saneamento básico e saúde preventiva. A AMNB [Articulação de Mulheres Negras Brasileiras] está levantando quem são as mulheres mais vitimizadas por esse grande caos”, afirmou Goés.
Para a enfermeira, um dos maiores desafios da saúde é fazer chegar as políticas, entre elas a Política Nacional de Atenção à Saúde Integral da Mulher e Política de Saúde Integral da População Negra, sendo esta 70% dentre as usuárias e os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Há dificuldade para que o serviço responda às políticas. Há dificuldade para que sejam executadas na ponta. Isso quer dizer saúde da mulher, métodos contraceptivos sejam amplamente distribuídos nos serviços”, concluiu.
Ouça as entrevistas com Luiza Carvalho clicando aqui e Emanuelle Góes clicando aqui.
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