(Folha de Pernambuco, 18/04/2016) Lesões foram encontradas por pesquisadores pernambucanos no córtex de 23 recém-nascidos.
Pesquisadores pernambucanos identificaram padrões nas lesões cerebrais causadas em bebês pelo zika. As calcificações no córtex de 23 recém-nascidos com microcefalia associada ao vírus foram registradas em tomografias e ressonâncias magnéticas.
Os exames passaram por avaliação de sete pesquisadores. A avaliação foi publicada na última edição de um dos periódicos científicos mais influentes do mundo, a revista semanal britânica BMJ, com mais de 175 anos.
Antes do zika, as calcificações em cérebro de microcéfalos já haviam sido encontradas quando a malformação foi ocasionada por outros vírus. O trunfo do estudo é perceber o local no qual eles são recorrentes a depender do motivo. “Na microcefalia por citomegalovírus, as calcificações são na parede do ventrículo, por exemplo. Dentro do córtex. No caso do zika, são achados, principalmente, embaixo dele”, detalhou a primeira autora da pesquisa, a neurorradiologista Maria de Fátima Aragão.
A partir dos resultados, os pesquisadores supõem que o período da gestação em que a doença é contraída pela mãe do bebê pode ser uma variável da gravidade da microcefalia no feto. “Todos os analisados nasceram de mulheres que tiveram zika nos primeiros cinco meses de gravidez, com pouquíssimas exceções. E é justamente nesse período que há uma intensa atividade de formação cerebral“, explicou a pesquisadora.
A pesquisa foi realizada retroativamente. Bebês acompanhados na AACD, que já tinham passado por exames de neuroimagem fizeram parte da amostra. As tomografias e ressonâncias de seus primeiros dias foram verificadas. “Tivemos certeza da presença do vírus a partir do teste IGM em seis dos casos. Nos outros, presumimos, porque eliminamos em laboratório todas as outras possibilidades”, finalizou.
Incentivo à Pesquisa
A Facepe está avaliando 53 projetos de pesquisa relacionados aos Zika. Há R$ 3 milhões disponíveis. Os trabalhos se dividem em quatro temas: competência vetorial, estudos epidemiológicos, diagnóstico e plataformas inteligentes. O resultado está prevista para 6 de maio.
Unicef criará protocolo de atenção às famílias
Representantes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) reuniram profissionais de todos as entidades do Recife que trabalham com microcefalia ontem na sede da Fundação Altino Ventura, no bairro da Iputinga, Zona Oeste. A intenção é estudar as metodologias de apoio a pais, parentes e cuidadores de crianças com a doença. No final do encontro que dura até hoje, a Unicef espera construir um protocolo de atenção aos familiares dos afetados pela microcefalia e outros distúrbios da Síndrome Congênita do Zika.
Além dos profissionais dos serviços de saúde municipais e estaduais, também participam integrantes do Ministério da Saúde, da ONU Mulheres e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Profissionais específicos do Distrito Sanitário 6 do Recife participaram de outra reunião ontem, em Boa Viagem. Técnicas de relaxamento para gestantes e bebês foram ensinadas numa reunião de preparação para a Semana do Bebê, que ocorre em maio com o tema “Encontro Mãe-Bebê: Marcas para uma vida inteira”. Massagens e banhos de ofurô foram temas do encontro. O matriciamento será realizado novamente no dia 25 deste mês.
Paulo Trigueiro, da Folha de Pernambuco
Acesse o site de origem: Zika: cérebros de bebês calcificados (Folha de Pernambuco, 18/04/2016)