(Natuza Nery, da Folha de S.Paulo-DF) Governo usa evento para sensibilizar outros países a adotar políticas que aliem transferência de renda à proteção ambiental. ‘É burro e atrasado separar a pobreza do meio ambiente’, afirma a ministra do Desenvolvimento Social
O governo usará a Rio+20 para sensibilizar o mundo a adotar, no futuro, políticas de transferências de renda casadas com proteção ambiental.
É o que diz a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. Seu objetivo é definir um calendário para discutir formas de implementar globalmente o chamado piso socioambiental: remunerar famílias pobres que protejam e recuperem o ambiente.
Segundo a ministra, o rascunho do acordo final da Rio+20 já traz dois parágrafos defendendo o “casamento” entre transferência de renda e sustentabilidade. Para ela, “é burro e atrasado separar a pobreza do meio ambiente”.
Folha – Transferir renda e proteger o ambiente é uma espécie de segunda fase do Bolsa Família?
Tereza Campello – Queremos que a população saia da pobreza. Se a gente puder tirar as pessoas da pobreza e melhorar a situação do planeta, ótimo para quem é pobre e para nós que vivemos nele.
O Bolsa Verde consegue preservar a floresta?
Se o pobre morar num ativo ambiental -reserva ou assentamento extrativista e floresta, fotografamos o local e fazemos um contrato com a família. Após um ano, checamos se não derrubou mata e se a família está fiscalizando.
Sustentabilidade não é só cuidar de floresta. Como avançar?
Estudamos transferências de renda para áreas já degradadas. O dinheiro serviria para a população recuperá-las. O Bolsa Verde foi nossa inspiração, mas queremos chegar a ribeirinhos, pescadores etc.
Essa é uma “agenda pop” para o mundo?
Acho que é a grande novidade da agenda de sustentabilidade no atual momento. Nunca foi tratado de forma tão conjunta como agora, em que falamos numa conferência tanto do verde quanto da pobreza. Se a gente não forçar essa agenda, ela não acontece naturalmente.
E o mundo aceita incluir a proposta no acordo da Rio+20?
Já há dois parágrafos sobre a superação da pobreza com a agenda ambiental. Não queremos seja uma ideia legal do Brasil, mas uma ideia legal para o mundo. A ideia é sair da Rio+20 com calendário para tentar implementar isso.
Não é natural juntar pobreza e ambiente?
Pelo contrário. Quando se fala em reduzir poluição, pensa-se em tecnologia, que não necessariamente inclui.
Acesse em pdf: Brasil quer exportar Bolsa Família ‘verde’ (Folha de S.Paulo – 16/06/2012)
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