(Brasil de Fato, 05/08/2015) A Sempreviva Organização Feminista (SOF) está de site novo: www.sof.org.br. Para o lançamento da plataforma, nesta terça-feira (4) na capital paulista, a entidade promoveu um debate sobre comunicação feminista com militantes de movimentos sociais, blogueiras e jornalistas.
Laura Capriglione, do Coletivo Jornalistas Livres, destacou a manipulação da mídia, ao relembrar as Jornadas de Junho de 2013. Para ela, aquele foi o momento em que “ficou claro que a grande imprensa não representa os interesses das minorias” e que “uma disputa de discursos nas redes sociais ficou mais evidente”. Segundo ela, “uma comunicação feminista é necessária e só pode ser realizada através de movimentos sociais de mulheres”. Laura aposta que o caminho para isso é por meio de uma “efetiva mobilização em redes”.
Bruna Provazi, da Marcha Mundial de Mulheres, concordou que a internet é uma aliada importante, já que a grande imprensa “não se interessa pelo o que as mulheres produzem”. A militante lamentou que ainda seja um recurso “elitista e excludente”. Acredita ainda que as mulheres devem “lutar pelo direito de se comunicar” e que “não basta só comunicar, temos que ter acesso aos meios. Uma internet de qualidade e gratuita, por exemplo”.
Ela ainda critica a imprensa tradicional, a qual chama de “velha mídia”, por procurar apenas homens como fontes de informação. “As mulheres só são fontes em dois casos: quando o assunto é cuidados da casa ou a esfera estudantil. Temos que pensar em mulheres como fontes.”
Ainda sobre a esse assunto, Maria Otilia Bocchini, colaboradora da SOF, enfatizou a questão de quem são os donos da mídia.. Para ela, as mulheres não têm expressividade na mídia tradicional porque esta “defende o patriarcado e tem afinidade com o grandes empresários. É útil para eles, do ponto de vista econômico, manter as mulheres, os negros, os homossexuais e todas a minorias por baixo, para assim manter o poder”.
Jarid Arraes, colaboradora da Revista Fórum, ponderou que a “a misoginia não está apenas na grande imprensa, já que nos movimentos sociais também existe. Lidamos com o silenciamento na esquerda também”. A blogueira acredita que isso faz com que “as mulheres não avancem na luta”, pois ficam “presas na tentativa de conseguir desenvolver um feminismo palatável, para que as pessoas possam compreender e se aproximar e não as considerem radicais ou agressivas demais”. Por isso, Jarid Arraes acredita que o feminismo não deve ser um estilo de vida e sim “um movimento social e político coletivo”.
Nadine Nascimento
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