20/01/2012 – Direitos na rede, editorial da Folha de S.Paulo

20 de janeiro, 2012

(Folha de S.Paulo) Alguns dos sites mais visitados da internet saíram parcialmente do ar, anteontem, ou estamparam mensagens para protestar contra o que consideram uma ameaça à liberdade de expressão e ao progresso tecnológico na rede mundial de computadores.

O alvo desses gigantes virtuais -Wikipedia, Yahoo, Google e Facebook, entre outros- são dois projetos de lei que tramitam no Congresso norte-americano com o propósito de combater o desrespeito à propriedade intelectual na web.

O mais criticado deles é o que se debate na Câmara, conhecido como Sopa -em inglês, sigla para “lei para parar com a pirataria on-line”. Já no Senado, a proposta chama-se Pipa -“lei para proteção da propriedade intelectual”.

Por detrás dessas iniciativas articulam-se corporações ligadas a atividades com forte componente autoral -caso dos estúdios cinematográficos de Hollywood.

No oceano de idealizações em que navegam alguns usuários da internet, o embate aparece como um duelo entre mocinhos do futuro favoráveis à livre circulação de conteúdos e bandidos do passado interessados em sonegar informação e censurar a “comunidade”.

projetossopa_pipaNão há dúvida de que os projetos em discussão estão longe de oferecer uma resposta satisfatória ao problema. Pecam, em especial o do Sopa, pela imprecisão e pelo ímpeto draconiano, ao desconsiderar os efeitos colaterais.

Se aprovada, a lei permitiria que uma rede social fosse retirada do ar ou impedida de receber receitas caso um de seus usuários veiculasse material protegido por direitos autorais -uma vez que o site estaria “facilitando” o abuso.

Exageros como esse levaram o presidente Barack Obama a alertar, em nota, para o risco de a legislação ferir garantias constitucionais e desestimular a inovação.

A onda de protestos e o alerta da Casa Branca levaram alguns parlamentares a mudar de posição, numa vitória parcial das corporações on-line. Isso não significa um triunfo do vale-tudo na rede, mas um passo na direção da ideia de punir a fonte da infração -não as entidades que a teriam acolhido.

A produção de conteúdos informativos, artísticos ou de entretenimento demanda trabalho e investimentos. Não dá frutos, como os da natureza, que se podem colher graciosamente. Inviabilizar autores e organizações que se dedicam à criação desses produtos não é um ato libertador, mas uma outra forma de obscurantismo.

Acesse em pdf: Direitos na rede, editorial (Folha de S.Paulo – 20/01/2012)

Leia também: 
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