27/01/2012 – Não anulem a qualidade da Internet!, por Veridiana Alimonti

27 de janeiro, 2012

(Folha de S.Paulo) Deu na coluna da Mônica Bergamo:

TEM BOI NA LINHA

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) está organizando com outras entidades uma mobilização para pressionar a Anatel a manter os regulamentos de qualidade das operadoras de internet banda larga aprovados em 2011. Também fará uma reclamação pública da Oi. Segundo Veridiana Alimonte, advogada do Idec, a empresa pediu à agência “a anulação de alguns artigos do novo regulamento. O consumidor tem que saber que uma operadora é contra oferecer internet de qualidade”.

TEM BOI NA LINHA 2

Entre as medidas, que passam a valer em novembro, a Anatel medirá a variação da velocidade das operadoras. E estabeleceu que elas não podem oferecer menos de 60% da quantidade contratada pelo consumidor. A Oi diz ser a favor da criação de um sistema de medição de qualidade divulgado por entidade independente, “como medida de transparência” com os usuários. E que o regulamento da Anatel pode ser aprimorado “seguindo os padrões internacionais”.

Leia também:
Não anulem a qualidade da Internet!, por Veridiana Alimonti (Última Instância – 26/01/2012)

Quando tratamos de Internet banda larga temos, pelo menos, dois Brasis. A superação da falta de acesso ao serviço, retrato de um deles, não pode ocorrer separada de medidas que enfrentem os sérios problemas de qualidade constantes no outro Brasil, já conectado. Contudo, a Oi, conhecida empresa de telecomunicações, parece não concordar com esta equação.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou em outubro de 2011 regulamentos de qualidade da banda larga fixa e móvel (3G). Além de outras medidas, os textos preveem regras de atendimento, instalação do serviço e metas ligadas à variação da velocidade contratada.

Porém, ainda no final do ano passado, a Oi protocolou na Anatel pedido de anulação de vários dos artigos previstos nestes regulamentos. Entre eles, a operadora é contra a obrigação de garantir 20%, no mínimo, e 60%, na média mensal, da velocidade contratada pelos seus consumidores de banda larga. Regra que passará a valer apenas no final de 2012, dando às empresas tempo de fazer os investimentos necessários para garantir aquilo que já anunciam e vendem hoje. Nos próximos anos, os padrões devem aumentar até atingir o mínimo de 40% e a média de 80%.

Segundo a operadora, a agência reguladora das telecomunicações no país não teria competência para firmar tal exigência. Para a Oi, a empresa mais reclamada nos Procons em 2010, bastaria a divulgação dos resultados de medição da qualidade do serviço para que os consumidores pudessem escolher entre as diferentes empresas. O que dizer, então, a todos que vivem na grande parte dos municípios brasileiros em que só há um ou, no máximo, dois prestadores do serviço?

Atualmente, a maioria das prestadoras só garante 10% da velocidade contratada. Algo que fica pouco claro na publicidade dos mais variados planos está estampado nos contratos e colocam o usuário em posição extremamente desfavorável. Por isso a necessidade de critérios que vinculem as empresas prestadoras do serviço e que resultem em penalidades caso não sejam cumpridos.

Pressionando por isso, milhares de mensagens foram enviadas aos diretores da Anatel durante consulta pública sobre os regulamentos de qualidade em 2011. Infelizmente, o pedido da Oi vem na contramão desta expectativa e motivou a realização de nova consulta pública, aberta até 1º de fevereiro. Dentre as tantas tarefas necessárias à universalização do acesso à Internet com qualidade, é inconcebível voltar atrás no que já conseguimos garantir.

Leia mais:

Campanha pela qualidade da banda larga (O Globo – 29/01/2012)

Contato com a fonte:
veridiana_alimonti
Veridiana Alimonti
– advogada
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec
(11) 3874.2162/ 3874.2161 – [email protected]

internet_oi
A proposta da Anatel de debater a possibilidade de anulação das regras de qualidade recebeu em sete dias mais de 450 visitas e 40 contribuições. Os textos chamam a atenção por serem todos de cidadãos comuns: nada de advogados e técnicos das companhias telefônicas, que tradicionalmente dominam os debates promovidos pela agência reguladora
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