(Patrícia Negrão, da Agência Patrícia Galvão) A série Diálogos sobre Liberdade de Expressão e Diversidade foi lançada em 31 de agosto, na Livraria Cultura, em São Paulo. Confira abaixo depoimentos de algumas/uns convidadas/os que participaram do evento:
“Os negros e os homossexuais ainda são retratados na mídia como expressão do que seria um pensamento único e não como expressão plural. As mesmas pessoas que excluíram hoje incluem, muitas vezes de uma maneira estereotipada. As diferenças estão hierarquizadas e não podemos nos esquecer disso. As normas são ‘brancas’ e ‘heterossexuais’ e é a partir dessas normas que o negro, o indígena e o homossexual ainda são posicionados.” Maria Aparecida Bento, professora doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo e diretora do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT.
“A metodologia dos Diálogos, de trazer o conflito para discussão a partir de pessoas com diferentes pontos de vista e que atuam nas questões de raça, etnia, gênero e orientação sexual, permite a reflexão sobre nossas próprias posições.” Bia Barbosa, jornalista do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
“Comunicação não pode ser entendida como uma agenda política somente de especialistas. Quando pensamos na construção de agendas nas áreas de saúde, trabalho, transporte, por exemplo, não pensamos em um carimbo de um especialista, mas sim na contribuição de pessoas de diferentes áreas. E esperamos que o mesmo ocorra na elaboração da agenda política da Comunicação, ou seja, que ela seja tratada de forma contemporânea e relacionada com as diversas áreas do conhecimento. Por isso, trouxemos para os Diálogos, além de jornalistas, feministas, antropólogas/os, psicólogas/os, médicos/as, promotores públicos e advogadas/os, entre outros.” Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.
“Nenhuma pessoa que participou da série Diálogos saiu do mesmo jeito. Enfrentar os conflitos e a diversidade com respeito nos ajudou a crescer como pessoas e como profissionais. É um material muito rico para discussão.” Nilza Iraci, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras e presidenta do Geledés – Instituto da Mulher Negra.
“Ao trazer pessoas extremamente qualificadas e com a preocupação de pensar a Comunicação a partir da diversidade, os Diálogos permitem aprofundar temas que muitas de nós trabalhamos na militância.” Lurdinha Rodrigues, do Instituto Patrícia Galvão, liderança nacional da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e representante do segmento LGBT (composto por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) no Conselho Nacional de Saúde.
“Extremamente instigantes a complexidade e o contraditório dos debates promovidos pelos Diálogos. Não vejo outra maneira de as pessoas avançarem na sociedade se não a partir do debate. Vou usar os Diálogos na sala de aula.” Gustavo Venturi , professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo.
“Este material é muito rico e pode ser usado, por exemplo, nas faculdades de Direito, porque amplia o padrão de reflexão. Liberdade de expressão e diversidades fazem parte da agenda do Direito, mas tendemos a usar fontes muito específicas, como leis e doutrinas, ou muito acadêmicas nos nossos debates. Os Diálogos têm a diversidade de olhares e é um instrumento importante de pesquisa para que os alunos das universidades sofistiquem a reflexão sobre os direitos.” Adriana Ancona de Faria, coordenadora institucional da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas.
“A série Diálogos oferece uma oportunidade para que outros grupos não tão familiarizados com as questões de gênero, de raça e de diversidade sexual possam ter contato com um conteúdo informativo e com visão crítica, e reflitam como a mídia trata esses temas.” Sandra Unbehaum, coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas.