05/12/2012 – Estudante é espancado e denuncia homofobia

05 de dezembro, 2012

(Estadão.com) Dois homens foram presos na segunda-feira (03) por tentativa de homicídio após terem espancado o estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP) André Baliera, de 27 anos. Ele voltava a pé para casa pela Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, na zona oeste, quando foi agredido.

Por volta das 19 horas, Baliera viu que alguém mexia com ele de dentro de um carro. Segundo a vítima, era o também estudante Bruno Portieri, de 25 anos, que o ofendia por sua orientação sexual. O universitário começou a discutir e Portieri saiu do carro.

Baliera fez menção de pegar uma pedra para se defender. Foi quando o motorista do veículo – personal trainer Diego de Souza, de 29 anos – desceu e começou a agredi-lo. Ele só parou de bater no universitário quando policiais militares chegaram para ver o que ocorria e detiveram ele e o amigo.

Com escoriações na cabeça, dores no corpo e sem dormir, Baliera ainda estava confuso e transtornado na tarde da terça-feira (04). “Assumo que trocamos ofensas. Mas a atitude deles era de como se bater em alguém fosse a coisa mais comum do mundo.”

Na noite de segunda (02), após a prisão, Portieri deu entrevista à TV Record e culpou a vítima pela agressão. “Apanhou de besta porque, se tivesse seguido o caminho dele, não teria apanhado.”

Segundo sua irmã, Portieri é “do bem” e estava no lugar errado na hora errada. “Foi um momento de fúria, não foi por homofobia. A imprensa está dando muita atenção para o caso, mas o menino (Baliera) está vivo”, disse Polianne Portieri.

Joel Cordaro, advogado dos dois agressores, dá outra versão. “Tudo começou porque eles pararam na faixa de pedestre e a vítima mostrou o dedo do meio. Eles foram provocados”, afirma. Segundo ele, não seria possível saber que André era homossexual apenas o vendo atravessar a rua. O advogado já entrou com pedido de habeas corpus.

Reação

André cursa o último ano de Direito. Na faculdade ajudou a criar o Grupo de Estudos sobre Direito e Sexualidade (Geds). Também trabalhou no Centro de Combate à Homofobia da Prefeitura de São Paulo.

Amigos e integrantes de movimentos anti-homofobia já planejam nas redes sociais passeata na Avenida Paulista, “escrachos” (protesto em casas) e outras ações. Para o deputado federal Jean Wyllys, não foi um fato isolado. “Casos assim são uma reação à própria visibilidade da comunidade LGBT

 

Acesse em pdf: Estudante é espancado e denuncia homofobia (Estadão.com – 05/12/2012)

 

(O Estado de S. PauloO estudante de direito André Baliera, de 27 anos, foi agredido nesta segunda-feira, 3, por volta das 19h, na Avenida Henrique Schaumann, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Os agressores Diego Mosca Lorena de Souza, de 29 anos, e seu amigo, o estudante de logística Bruno Paulossi Portieri, de 25 anos, foram presos e indiciados por tentativa de homicídio. Em entrevista ao Estado, Baliera contou como foi a agressão.

O que aconteceu?

Estava voltando da farmácia e vim descendo a rua, tranquilo, na minha, com fone de ouvido. Quando ia atravessar a rua, o Bruno mexeu comigo. Não consegui entender o que ele estava falando e tirei o fone. Ele disse: “Está olhando o que seu viado? Segue seu rumo sua bicha”. Mas eu não consegui seguir meu rumo e começamos então uma troca de ofensas. Tudo aconteceu no tempo de um semáforo. Foi aí que ele saiu do carro e fiquei muito assustado. Fiz menção de que ia pegar uma pedra e o Diego entrou na história. Ele começou a me bater feito um animal. Me lembro de pensar: “É agora que acabou. Morri”.

Você já foi vítima de outras agressões?

Sim, aconteceram outras vezes. Não escondo minha sexualidade e nunca achei que isso fosse um problema para levar minha vida normalmente. Já me jogaram latinha de cerveja quando ficava com alguém. Essas condutas são reiteradas sempre, mas nunca foi nesse nível. Exatamente por isso que não consigo me conformar de que minha obrigação quanto gay é ouvir ofensas e seguir meu caminho.

O que você acha que motivou o ataque?

Não sei dizer o que leva duas pessoas aparentemente bem de vida, jovens, a entrarem com o carro na contramão e atentarem contra a vida de alguém que só queria chegar em casa. Que fúria é essa que faz um cara que deve ter tido todas as oportunidades do mundo a bater em outra de forma tão agressiva? Por que a minha existência provoca uma fúria tão desumana?

Como está sendo a repercussão do caso? Há pessoas que querem organizar passeata, fazer escracho na frente da casa dos agressores.

Estou bastante impressionado, mas queria muito que as pessoas tivessem consciência de que não quero vingança. Quero justiça, o que é muito diferente. Se estudo direito e acredito na justiça, não posso tomar as medidas cabíveis com as minhas próprias mãos. E acho que na verdade o preconceituoso também é vítima do próprio preconceito.

 

Acesse em pdf: ‘Ele começou a me bater feito um animal’, diz vítima de agressão em Pinheiros (O Estado de S. Paulo – 05/12/2012)

 

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