18/11/2013 – Mulheres colombianas relatam experiências como vítimas do conflito armado

18 de novembro, 2013

(Adital) Em meio a uma guerra que perdura há décadas na Colômbia, muitas mulheres são vítimas de violência e maus tratos. Humilhadas e muitas vezes desamparadas pela justiça, muitas delas esconderam suas histórias e sentimentos. Situação que começa a ser revelada com o lançamento do relatório “A verdade das mulheres. vítimas do conflito armado na Colômbia”, no último dia 14 de novembro.

Lançado pela Ruta Pacífica de las Mujeres, movimento feminista que trabalha pelo fim dos conflitos armados na Colômbia e para tornar visíveis os efeitos desses conflitos na vida e nos corpos das mulheres, o relatório mostra as histórias das mulheres vítimas de violência em meio ao conflito armado.

O desenvolvimento do relatório teve início no começo de 2010 com uma metodologia de investigação inédita, apresentando as experiências vividas por mais de 1 mil mulheres vítimas e nove casos coletivos. São as vozes das mulheres que se expressam nesse relatório, inédito no mundo.

A metodologia empregada na realização do relatório foi a de uma investigação participativa, onde se dá ênfase à interpretação e a narração dos fatos pelas próprias mulheres desde sua subjetividade. A pergunta não é “por que aconteceu?”, mas sim “por que aconteceu com você?”. Foram colhidas informações desde o primeiro momento até o último, o que aconteceu com as mulheres e as consequências para suas vidas, além das formas de enfrentamento.

Para as mulheres envolvidas nesse relatório, a busca da verdade, de suas memórias, experiências e sentimentos significa desconstruir a dor que sentem, “esse é um espaço para a gente expressar nossas verdades, porque aqui só se tem escutado a verdade dos nossos algozes”.

As violações dos direitos humanos dessas mulheres provocaram experiências traumáticas, no sentido em que causaram uma ruptura na continuidade da vida, criando um marco, um antes e um depois do que aconteceu. Segundo o estudo, as pessoas mais afetadas foram aquelas que perderam entes queridos. Além disso, outro trauma é o sentimento de injustiça, já que apenas 18% dos casos denunciados estão sendo investigados.

Apesar da impunidade, mais de 60% das mulheres fizeram algum tipo de denúncia; outras alegaram que, além da falta de confiança na justiça, sentem medo de represálias.

Para as mulheres vítimas de violência, a única coisa que pode amparar suas dores é a justiça. Elas desejam que seus algozes sejam julgados e condenados pelo que fizeram. Elas também buscam um país menos impune, que evite que esses atos de violência ocorram. Para elas, a justiça é responsabilidade do Estado, que deve, por obrigação, investigar os casos de violação dos direitos das pessoas e condenar os culpados.

Números

Segundo informações do relatório, cada mulher entrevistada sofreu mais de quatro casos de violência de vários tipos e três em cada quatro foram deslocadas de suas casas contra suas vontades. Além disso, mais de 80% das mulheres entrevistadas foram vítimas de alguma forma de tortura física e mais da metade sofreram agressões psicológicas.

Outro dado mostrado foi em relação à violência sexual, segundo o estudo, cerca de 14% das mulheres que participaram do desenvolvimento do relatório, sofreram abusos sexuais. Segundo o relatório, uma em cada oito mulheres também alegou violações da liberdade pessoal, tais como serem presas de forma arbitrária e mantidas como reféns.

Mais informações em www.pnud.org.co

Acesse o PDF: Mulheres relatam suas experiências como vítimas do conflito armado (Adital, 18/11/2013)

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