(EBC, 08/12/2015) O Emergências, encontro global promovido pelo Ministério da Cultura para debater a cultura como motor transformador da sociedade, começou nesta segunda-feira (08/12) e segue até o próximo domingo (13/12) no Rio de Janeiro. Já no primeiro dia, o evento se mostrou disposto a debater temas diversos.
Questões sociais que têm pautado as redes sociais deram o tom nas primeiras conversas. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, destacou a luta indígena, feminista, do movimento negro, LGBTT e dos estudantes secundaristas contra retrocessos. “Precisamos refletir sobre as ameaças às sociedades democráticas e, em particular, a ameaça à democracia brasileira”, disse.
Após o discurso do ministro, a abertura oficial deu espaço a 20 mulheres, com diferentes locais de fala: negras, brancas, brasileiras, latinas, trans e uma refugiada. Elas compartilharam suas experiências de luta em causas diversas, como contra o machismo, a transfobia, a violência de gênero, o genocídio da população negra, a homofobia etc. Todas em prol da não-supressão de direitos.
A plateia, que lotou o Circo Voador, se mostrou sensível a todos os temas levantados e vibrou com cada discurso emocionado que passou por ali. Listamos alguns. Confira:
“Quem aqui conhece uma família que teve um jovem negro assassinado por uma bala?” – Eliane Dias, produtora cultural e representante do SOS Racismo na Assembleia Legislativa de São Paulo
“As questões de putas a gente sempre trata no âmbito do Ministério da Saúde, AIDS etc. É preciso ocupar outros espaços como os daqui” – Monique Prada, trabalhadora sexual ativista e feminista, coeditora do MundoInvisivel.org
“Não instigue a discriminação contra as mulheres com HIV. Sim, temos direito de fazer sexo” – Mariana Iacono, co-fundadora do Jóvenes Positivos LAC (J+ LAC)
“Meu corpo existe e ele vai transitar por essa sociedade” – Indianara Siqueira, trabalhadora sexual e transexual feminista
“Eu entendi que não vai adiantar projetos como agência, os pontos de culturas, eventos como esse hoje do Emergências, se o jovem não tiver vivo, o jovem preto” – Ana Paula Lisboa, coordenadora de metodologia da Agência de Redes da Juventude
“Estamos na luta para barrar a reorganização, o fechamento e o retrocesso da educação” – Camila Less, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)
“Não podemos deixar que forças conservadoras venham jogar por terra tudo o que nós conquistamos” – Macaé Maria, secretária de Educação de Minas Gerais
“Queremos construir um novo ‘normal’. Precisa deixar de ser normal ser perigoso ser mulher. O machismo vai me machucar, mas vai matar é a mulher preta” – Manoela Miklos, ativista e criadora da campanha #AgoraÉQueSãoElas
Ao final, o público cantou em coro: “Segura, segura, segura, seu machista, a América Latina vai ser toda feminista”
Para assistir ao Ato de abertura do Enemergências na íntegra, clique no vídeo abaixo: