Número de refugiadas grávidas em São Paulo cresceu 57% em 2016, diz estudo

22 de março, 2017

Cáritas de São Paulo divulgou perfil dos refugiados. Mulheres relataram violência sexual no país de origem.

Um levantamento da Cáritas de São Paulo mostra que o número de refugiadas grávidas cresceu 57,2% em 2016, em comparação com o ano anterior. Em 2016, 173 mulheres grávidas foram atendidas no estado de São Paulo, contra 110 em 2015. Em 2013, foram apenas 10.

(G1/São Paulo, 22/03/2017 – acesse no site de origem)

A Cáritas de São Paulo, entidade que presta serviços de acolhida e integração a refugiados no país, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), divulgou o perfil das novas chegadas de 2016. No ano passado, 3.234 refugiados buscaram atendimento pela primeira vez na instituição.

Leia mais: É cada vez maior o número de mulheres refugiadas no Brasil, aponta Cáritas (Agência Brasil, 22/02/2017)

A proporção das mulheres atendidas também cresceu. Em 2013, eram 13% do total. Subiu para 17% em 2014, 27% em 2015 e 36% em 2016. O número de mulheres atendidas que são chefes de família e cuidam sozinhas dos filhos também subiu, de 202 em 2015 para 276 em 2016.

Para o padre Marcelo Maróstica Quadro, diretor da Cáritas, um dos motivos para o perfil ter mudado é o país de origem das refugiadas. “Elas vêm de lugares de guerra. Os homens vão para as guerras e as mulheres ficam sozinhas’, explica. Outro fator apontado pelo padre é o estupro, que é usado como arma de guerra. Assim, as mulheres buscam fugir do desamparo e violência. Em 2016, 101 das mulheres que chegaram relataram violência sexual no país de origem.

O país de origem dos refugiados que chegaram à Cáritas em 2016 também mudou. Em 2015, os refugiados sírios estavam em maior número, seguido por Angola e Nigéria. Em 2016, a Angola ficou em primeiro lugar, seguida por Nigéria, República Democrática do Congo, Síria e Guiné.

Segundo dados de fevereiro do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o país tem 9.747 refugiados. A Cáritas de São Paulo tem registrado 4.252 refugiados, quase metade do total. Entidades que prestam apoio aos refugiados e imigrantes no Brasil alertam que o número dessa população é muito baixo. As organizações tentam, há anos, pressionar o legislativo para modificar a lei, criada na Ditadura Militar, que trata o imigrante como uma ameaça. A proposta é uma regulamentação que esteja baseada nos direitos humanos.

Por Paula Paiva Paulo, G1 São Paulo

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas