(Universa – UOL | 21/05/2021 | Por Camila Brandalise)
Desde o primeiro dia dos depoimentos da CPI da Covid no Senado, em 4 de maio, as senadoras têm participado em esquema de rodízio das sessões: sem ter uma integrante oficial entre os 18 membros da comissão que foram indicados pelos partidos, elas conseguiram um acordo para que uma se pronunciasse a cada audiência. Desde então, um fato tem se repetido quando alguma das 11 parlamentares da bancada feminina estão com a palavra: os colegas da comissão as interrompem no meio da fala ou pedem para que “se acalmem”.
No dia 5, durante o depoimento de Nelson Teich, senadores governistas criticaram o fato de que as mulheres seriam as primeiras a fazer as perguntas ao ex-ministro da Saúde. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) acabou batendo boca com Eliziane Gama (Cidadania-MA). “Não fique me olhando dessa forma achando que vai me intimidar”, disse Gama ao colega, ao ser interrompida por ele. “Vossa excelência pensa o quê, senador? Que vossa excelência vai controlar a gente? Do jeito que vossa excelência não admite meu grito, eu também não admito seu grito.”
Atuante na comissão, a senadora maranhense já passou por outras situações nessas quase três semanas de trabalhos. Ouviu um pedido de “calma”, seguido do comentário de que estaria “muito agressiva”, do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) nesta quarta (19). Aziz também a deixou falando sozinha em uma sessão, quando ela dava uma réplica após ter sido citada por um dos senadores.
Ataques são comuns na política, mas o machismo na CPI é visível, diz socióloga
Para a socióloga especialista em política e gênero Fátima Pacheco Jordão, fundadora do Instituto Patrícia Galvão de defesa dos direitos das mulheres, os episódios envolvendo as senadoras na CPI são as “manifestações de machismo mais dramáticas do país”.