(Folha de S.Paulo, 23/03/2014) Ter mais mulheres em posições de comando nas empresas é essencial para que essas organizações sejam sustentáveis do ponto de vista do ambiente. Quem diz isso é a escocesa Sara Parkin, 67, diretora da ONG inglesa Forum for the Future, que presta consultoria sobre o tema para empresas como a Nike e a Coca-Cola.
Ela esteve no Brasil na semana passada para promover o livro “O Divergente Positivo” (editora Peiropolis), além de se encontrar com lideranças como a política Marina Silva (PSB). Leia trechos da entrevista com Parkin.
Folha – A senhora escreve tanto sobre mulheres no mercado trabalho quanto sobre sustentabilidade. Como esses temas tão diferentes se relacionam?
Sara Parkin – Os temas não são diferentes, são extremamente semelhantes. Sustentabilidade é um entendimento de como deve ser o futuro do capital. Metade da população é mulher e elas não são favorecidas em posições em empresas, por exemplo. São questões de educação e de como a sociedade deve se comportar. Além disso, ter mulheres em posições de chefia será vital.
Por quê?
Elas entendem melhor do que os homens que sustentabilidade é, no fundo, uma questão de comportamento humano e que o desafio é mudá-lo.
No seu livro, a senhora culpa as escolas de administração pela falta de líderes com mais consciência sobre sustentabilidade. Por quê?
Não só nas escolas de administração, mas também em treinamentos corporativos, passa-se uma visão limitada do que é o sucesso. É tudo medido por modelos matemáticos. E a maior parte das pessoas que sai das faculdades de administração não enxerga todos os impactos dos negócios.
Como um chefe pode mudar esses impactos?
Eu escrevo sobre liderança, que é uma qualidade que as pessoas podem exercitar. Não é preciso estar em um papel de chefe. E esses líderes podem influenciar as pessoas a consumirem menos. Nós precisamos mudar o atual cenário de tanto consumo.
(FELIPE GUTIERREZ)
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