Mulheres negras recebem metade do que homens no audiovisual brasileiro, mostra estudo

20 de maio, 2025 Brasil de Fato Por Adele Robichez

Dados inéditos foram apresentados durante o Marché du Film, no Festival de Cinema de Cannes

As mulheres negras que atuam no setor audiovisual brasileiro recebem quase metade da remuneração média de homens. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita que será apresentada pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil durante o Marché du Film 2025, evento que ocorre entre os dias 13 e 21 de maio em Cannes, na França, e que terá o Brasil como país homenageado.

Segundo a pesquisa, enquanto homens no cinema têm uma renda média mensal de R$ 24.368,42, as mulheres recebem 76% desse valor: R$ 18.652,54. A situação se agrava quando analisado o impacto do racismo: pessoas brancas são melhor remuneradas que pessoas negras em todas as faixas, e as mulheres negras são o grupo mais precarizado, com média de R$ 13.187,50 (54% do montante médio recebido por homens).

A Pesquisa de Obras mapeou, em parceria com a startup de pesquisas Diversitera, 88 produções audiovisuais brasileiras realizadas entre 2018 e 2022, com quatro grandes produtoras nacionais. O objetivo foi investigar o perfil de profissionais em áreas de decisão, como direção, produção e roteiro, com foco em gênero, raça e outros marcadores sociais.

Segundo o levantamento, mulheres representam 48% dos cargos técnicos, mas isso não significa que tenham as mesmas condições de trabalho ou acesso a posições estratégicas. Apesar de serem maioria entre pessoas com graduação (57%) e pós-graduação (67%), mulheres, sobretudo as negras, estão sub-representadas em funções de liderança e são as mais mal remuneradas.

O estudo aponta ainda que:

  • Mulheres superam homens apenas nas funções de direção de arte e roteirista-chefe;
  • Não há pessoas negras nas funções de direção de som, fotografia, produção e arte;
  • Entre profissionais com regime de pessoa jurídica (PJ) que ganham menos de R$ 80 mil por ano, a maioria é negra;
  • Mulheres são maioria entre profissionais PJ e rendimento inferior a R$ 360 mil anuais.

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