(Valor Econômico, 27/03/2015) Mesmo em uma profissão predominantemente dominada por mulheres, homens recebem salários maiores, de acordo com um novo estudo americano que investigou a diferença de remuneração entre gêneros em diversas especialidades da enfermagem.
Professores da Universidade da Califórnia analisaram o salário de quase 300 mil profissionais de enfermagem entre os anos de 1988 e 2013. Apesar de homens serem cerca de 10% dos enfermeiros registrados nos EUA, o estudo identificou que eles ganharam salários anuais em média US$ 5.148 maiores do que mulheres em todos os anos pesquisados. Embora o salário dos profissionais, no geral, tenha melhorado ao longo do tempo, a diferença entre gêneros se manteve estável ao longo dos 25 anos estudados. O estudo foi publicado na edição desta semana do “Journal of the American Medical Association”.
De acordo com Ulrike Muench, professor da Universidade da Califórnia de San Francisco e autor do estudo, a discrepância é menor do que em outras profissões, mas ainda assim pode chegar a contabilizar uma perda de mais de US$ 150 mil ao longo da carreira das enfermeiras. “Ficamos surpresos ao ver que a diferença se manteve tão persistente ao longo dos anos, considerando que a enfermagem é uma área dominada por mulheres. É o campo onde imaginávamos que os salários delas já teriam alcançado os dos homens”, diz o pesquisador.
O estudo não investigou a fundo as razões para a diferença, mas Muench lista entre possíveis fatores a discriminação de gênero, a interrupção da carreira de mulheres para ter filhos e uma capacidade maior entre profissionais homens de negociar salários, que já foi sugerida por estudos sobre outras profissões.
Os pesquisadores encontraram discrepância salarial entre profissionais de mesma especialidade, posição hierárquica e local de atuação. A cardiologia foi a área com maior diferença, de US$ 6.034, enquanto entre especialistas em doenças crônicas foi achada a menor, de US$ 3.792. A única especialidade em que não foi encontrada diferença salarial foi a ortopedia. Entre profissionais que atuam em ambulatórios, homens ganhavam em média US$ 7.678 a mais anualmente do que mulheres, já em ambientes hospitalares, a diferença é menor, de US$ 3.873. A maior diferença na mesma posição foi a de anestesista, que ultrapassou os US$ 17 mil.
Letícia Arcoverde
Acesse o PDF: Nos EUA, homens ganham mais mesmo quando são minoria na profissão, diz estudo (Valor Econômico, 27/03/2015)