(Folha de S. Paulo, 06/04/2016) Com 50% de mulheres em cargos de liderança, a Unilever Brasil dividiu o prêmio de empresa que mais promove a equidade de gênero no país com a Renault, que registrou um crescimento de 30% no número de funcionárias do sexo feminino nos últimos três anos.
As duas multinacionais ganharam o troféu ouro na categoria de grande porte do Prêmio WEPs Brasil 2016 (da sigla em inglês para Women’s Empowerment Principles) – Empresas Empoderando Mulheres.
A premiação avaliou a política de gênero de 137 empresas inscritas na iniciativa da ONU Mulheres, que é realizada no Brasil pela Itaipu Binacional, empresa pioneira na adoção dos sete princípios de igualdade entre homens e mulheres defendidos pelas Nações Unidas e pelo Pacto Global.
Em sua segunda edição, o prêmio bianual computa avanços em indicadores nacionais.
“A diferença salarial entre homens e mulheres vem diminuindo nas empresas brasileiras engajadas. Percebemos também um maior equilíbrio na proporção de cargos entre os dois sexos”, explica Margaret Groff, diretora financeira de Itaipu e idealizadora da premiação nacional.
Dados consolidados entre as empresas candidatas em 2016 apontam que em 43% delas não existe diferença salarial entres homens e mulheres para um mesmo cargo. E em 84% a diferença hoje é menor que 10%.
Em 24% das empresas que já colocam em prática políticas de equidade de gênero, a participação feminina na alta direção está entre 30% e 50%. A média de mulheres no quadro de funcionários das finalistas chega a 43,81%.
“Com a segunda maior operação do mundo, a Unilever Brasil alcançou nos últimos cinco anos equidade nos cargos de liderança”, destacou Fernando Rodrigueiro, diretor de Recursos Humanos da empresa.
Segundo ele, a Unilever tem atualmente 70% de mulheres na área de marketing e viu aumentar de 7% para 35% a presença feminina no setor de vendas.
As funcionárias da empresa dispõem de berçários onde podem deixar os filhos enquanto trabalham e contam com uma política de flexibilidade de jornada.
Rodrigueiro, no entanto, afirma que o esforço deve ir além das quatro paredes. “Estamos virando nosso olhar para fora da empresa também. Não só para consumidores e fornecedores, mas também para o nosso entorno.”
Em reconhecimento ao esforço das empresas que promovem tais práticas de empoderamento da mulher, a premiação reconheceu ainda organizações de médio e pequeno porte.
Na categoria de médio porte, a premiada foi a empresa Home Care Cene Hospitalar, que levou pela segunda vez o troféu ouro.
Já a Renault galgou novas posições em relação à última edição. “Fomos bronze no prêmio anterior e agora somos ouro”, festejou Ana Paula Camargo, diretora de Recursos Humanos da montadora.
“Nosso desafio é fazer as mulheres quererem cargos de liderança e bancarem o seu desejo. Não com o sentimento de que tem que dar conta de tudo, mas com o de que liderar não está em conflito com suas outras responsabilidades.”
Os nomes das empresas premiadas foram revelados em solenidade em 29 de março, em Foz do Iguaçu.
Um total de 48 organizações recebeu algum tipo de reconhecimento (troféu ou menção honrosa) por atender plenamente pelo menos um dos sete princípios estabelecidos pela ONU Mulher.
“Queremos empoderar não só a executiva, mas também a babá, a secretária. Enfim, mulheres em todas as posições, sejam de comando ou não”, diz Margaret Groff, que é um exemplo de liderança em um setor até então dominado pelos homens, como o elétrico.
E ela não está só. “Na Itaipu já fizemos muito e continuaremos fazendo para garantir a paridade, contemplando igualmente todos os gêneros, com a adoção de programas de ações afirmativas, de reparação e de formação”, afirma Jorge Samek, presidente da hidrelétrica.
Eliane Trindade
Acesse o PDF: Unilever e Renault são líderes em equidade de gênero no Brasil (Folha de S. Paulo, 06/04/2016)