(Adital, 20/11/2014) Neste 20 de novembro de 2014, Dia Nacional da Consciência Negra, entidades do movimento negro e ativistas antirracismo saem às ruas para celebrar, pelo 11º ano consecutivo, a luta de negros e negras por respeito e igualdade de condições econômicas, políticas e sociais na sociedade brasileira. É a XI Marcha da Consciência Negra, que ocupará as ruas de cidades de todo o país. Passados mais de 126 anos da abolição da escravatura no Brasil, um processo ainda inconcluso para os movimentos por igualdade racial, negros e negras brasileiros seguem enfrentando em seu dia a dia obstáculos de natureza estrutural para conquistarem a plena igualdade.
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“Ainda que nos últimos anos conquistássemos algumas importantes políticas públicas de inclusão racial, como as cotas nas universidades e nos concursos públicos, a Lei 10639/03, a instituição de ministério, secretarias e conselhos em âmbito federal, estadual e municipal para elaboração de políticas de igualdade racial, o racismo continua impregnado na sociedade brasileira”, destaca o manifesto da XI Marcha da Consciência Negra.
O racismo expressa-se, destaca o texto do manifesto, pelo genocídio da juventude negra demonstrado com o crescimento de homicídios de jovens negros e negras, a maioria cometido por forças policiais; pelas ações de intervenção urbana que isolam as periferias das grandes cidades, condenando a maioria negra a viver em condições precárias; pela pouca presença de negros e negras e da agenda antirracista nos espaços institucionais do Executivo, Legislativo e Judiciário; pela recusa das universidades estaduais paulistas, USP e Unicamp, a implantarem sistemas de cotas; pela invisibilidade de negros e, principalmente, da agenda antirracista nos meios de comunicação de massa, sem contar a visão distorcida e preconceituosa em que personagens negros e negras são retratados nos produtos midiáticos; e pela insuficiência de recursos dos orçamentos públicos para os órgãos de combate ao racismo, pela não implantação de legislações já aprovadas de combate ao racismo, bem como as políticas de inclusão racial.
“Entendemos que as causas deste racismo são estruturais. Todos os indicadores socioeconômicos demonstram que as pirâmides sociais e raciais coincidem, com brancos no topo, negros e negras na base. Em momentos de crise e estagnação econômicas, a população negra é a principal atingida. Para tanto, são necessárias reformas profundas que levem a constituição de outro modelo de sociedade, cujas instituições estejam organizadas de forma a atender as demandas da maioria da população que é negra”, enfatizam as entidades que organizam a Marcha.
A agenda 11ª. Marcha da Consciência Negra defende sete eixos: reforma política; reforma da mídia; desmilitarização da política, pelo fim dos autos de resistência e contra a redução da maioridade penal; destinação de mais recursos para as políticas de inclusão racial; implantação das leis antirracismo e de promoção da população negra; direito de expressão das religiões de matriz africana; e contra o machismo, o feminicídio e a violência contra a mulher.
A Marcha
Em São Paulo, a concentração da 11ª Marcha ocorre no Vão do MASP, na avenida Paulista, começou às 11h, com ato político e cultural e seguida a passeata sai pelas ruas da maior metrópole brasileira. Em Salvador, Estado da Bahia, as atividades da Consciência Negra têm sido realçadas o mês todo. A Marcha da Consciência Negra começou às 13h em locais diferentes. Ainda na Bahia, em Camaçari, será realizado um grande ato no centro da cidade, das 13h às 19h, com participação da Unegro, da CTB (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e diversas outras entidades. No Rio de Janeiro, o tema da marcha é “De Zumbi a João Cândido”, dois heróis negros que lutaram pela liberdade. Além disso, o ato político homenageará o centenário da escritora Carolina Maria de Jesus e de Abdias Nascimento.
Acesse no site de origem: Marcha da Consciência Negra protesta contra abolição da escravidão ainda inconclusa no Brasil (Adital, 20/11/2014)