Mirian França é uma mulher negra cientista, que dedica-se a salvar vidas, por Ivair Alves dos Santos

11 de janeiro, 2015

(Cada Minuto, 11/01/2015) Há mais de  duas semanas, Mirian França está presa numa cela com outras pessoas, com aquele cheiro insuportável das prisões. È um cheiro de sujeira, de limpeza mal feita. O local onde as pessoas são colocadas sob custódia, na cabeça da polícia deve ser um lugar feio ,sujo, mal cuidado, pois preso, mesmo na condição de suspeito, merece o pior tratamento.

No Brasil deve existir no máximo uma cinco mulheres negras que conseguiram, nesse momento, estar fazendo o curso de doutorado em Farmácia, em uma das mais tradicionais e prestigiosas universidades públicas do país. Mirian França é uma delas. Uma cientista, é sempre bom lembrar

Magra de constituição muito frágil, se alimentando mal, esta cientista negra acredita na justiça, mas está vivendo o maior pesadelo de sua vida. Em uma cela, num lugar onde ninguém a conhece, e com saudades da família e dos amigos do Rio de Janeiro.

Ela sofre em silêncio, chora escondida, pensa nos livros de, microbiologia, bioquímica, de farmácia e nos artigos que estavam no computador para serem lido depois. Pensa no laboratório nos testes em microbiologia que deveria estar fazendo. E pensa que se tivesse um computador poderia ser mais fácil, mas agora ela não tem nada, nem o respeito à sua dignidade como ser humano.

Ela faz parte da equipe do Laboratório de Inflamação da UFRJ, que está trabalhando “concentrado no estudo do papel de mediadores solúveis e células da imunidade inata em processos inflamatórios, alérgicos e infecciosos, e no desenvolvimento tumoral. Estes estudos permitirão o claro posicionamento destes componentes durante estes processos e indicarão novas oportunidades terapêuticas”.

Mirian França é uma mulher negra cientista, que dedica-se a salvar vidas, a criar processos terapêuticos que diminuam a dor e o sofrimento das pessoas, doentes e com tumores. E ela está presa numa cela imunda, fedorenta, onde a polícia cearense não consegue reconhecer a linda e heroica trajetória de uma mulher negra, pobre que viveu 9 anos nos alojamentos da Universidade e agora tornou-se uma cientista negra brasileira.

Esta semana teremos que nos mobilizar, junto aos advogados negros, ao movimentos de mulheres negras, ao movimento negro do Ceará, aos ativistas dos direitos humanos e mobilizar Brasília para que também se manifeste. As Secretarias da Mulher e Direitos Humanos da Presidência da República precisam se manifestar.

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