05/03/2012 – Família e Estado devem zelar por creches, diz pesquisa

05 de março, 2012

(O Estado de S. Paulo) O cuidado com a educação infantil deve ser uma corresponsabilidade do Estado e das famílias. É essa a percepção de uma pesquisa com mil entrevistas domiciliares em 70 municípios de todas as regiões do Brasil. O mapeamento incluiu todas as capitais do País.
pesqcreches_estadosp05032012De acordo com os dados, 42% das pessoas ouvidas consideram que o cuidado das crianças é dever do Estado e 47% acham que se trata de uma missão da mãe e da família. A maioria dos entrevistados pensa que são as prefeituras – com diz a lei – que devem cuidar do atendimento.
O estudo foi realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Ipsos, entre janeiro e fevereiro. O objetivo dos órgãos era avaliar como a população brasileira percebe a importância e a qualidade do serviço de creche.
“É curioso perceber como percepção do nível do serviço muda por região. No Norte e Centro-Oeste, ela é bem negativa”, afirma Paulo Cidade, diretor administrativo da Ipsos.
A ideia de que a creche é importante para o desenvolvimento da criança, como uma das primeiras etapas da educação básica, é de quase metade da população, de acordo com o estudo.
Cerca de 49% dos entrevistados na pesquisa afirmam que a creche é mais importante para a criança, uma vez que é o primeiro contato com a escola, o que pode ter grande impacto na sua educação no futuro.
Segundo Paulo Cidade, isso mostra que a sociedade está percebendo esse serviço mais como uma oportunidade de socialização da criança do que uma ferramenta de assistência social.
Mas ele destaca um fator preocupante. A pesquisa mostrou que apenas 26% das pessoas entendem que a criança deve frequentar uma instituição de ensino antes dos 4 anos de idade.
Hoje, com a Emenda Constitucional n.º 59, a matrícula é obrigatória e gratuita no Brasil dos 4 aos 17 anos de idade. As redes têm até 2016 para se adaptar. “Poucos ainda têm noção da idade certa para começar a estudar”, afirma Cidade.
Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, afirma que a quantidade de crianças sem vagas configura um quadro grave.
“O Brasil é a sexta economia do mundo e ainda não deu conta de uma questão fundamental como essa. Nosso déficit é de 12 mil creches”, afirma ela, citando a proposta do governo federal de construir 6.427 creches até 2014.
Em janeiro, a reportagem do Estado mostrou que a promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff está atrasada, já que em 2011 nenhuma unidade foi entregue.
Fatores. O estudo também destaca que, entre as mulheres economicamente ativas das classes A e B, o horário de funcionamento da creche é o fator mais importante – 31% delas pensam assim.
Já para essa mesma fatia de mulheres, mas da classe C (34% delas), o que mais importa é o número de vagas disponíveis nos estabelecimentos.
Entre as classes D e E, o que é considerado essencial (40%) , assim como para a classe C, é o total de vagas.
É a própria classe C, identificada como a principal classe usuária desse serviço, a que responsabiliza mais as prefeituras do que a família pelo atendimento às crianças.

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