Diálogos feministas | Encontro entre uma escutadora e uma sobrevivente de feminicídio, parte 1

13 de junho, 2022

(Brasil de Fato| 12/06/2022 | Por Thaís Hipólito)

Este é o primeiro de uma série de textos escritos a partir do encontro entre uma escutadora e uma sobrevivente de feminicídio, cujos vínculos se deram a partir do programa de extensão Clínica Feminista na Perspectiva da Interseccionalidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Há um ano, mais precisamente em 2 de maio de 2021, fui atacada a golpes de facão pelo homem com quem vivi por 18 anos. Aguardava o ônibus na parada após uma jornada longa de trabalho como técnica de enfermagem, quando ele me abordou simulando um assalto. Seu objetivo era me matar para ficar com o seguro de vida que fiz em nome dos nossos três filhos, os quais sustento sozinha e cujos nomes repeti inúmeras vezes, como um mantra, para manter-me consciente e ter forças enquanto aguardava o resgate, ensanguentada, no chão da calçada.

Meu corpo me lembra todos os dias, através das cicatrizes e das intensas dores das sequelas. Tenho flashes do ataque, sinto medos profundos e irracionais a cada data que marca os meses passados do atentado. Ainda assisto as filmagens do crime, sinto essa necessidade, pois parece que uma parte de mim custa a acreditar. Não quero esquecer, quero que a dor suavize, quero meu direito de sentir e dar dignidade a essa história, por isso hoje eu falo: quando uma mulher se cala, muitas morrem. Não quero mais ser silenciada.

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