Dia Internacional Contra a Homofobia celebra nesta quinta-feira (17) a data em que a homossexualidade foi excluída da classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde, em 1990.
(G1, 17/05/2018 – acesse no site de origem)
O dia 17 de maio é marcado por manifestações e atos em todo o mundo para combater violência contra pessoas por identidade de gênero e/ou orientação sexual. Para a União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) no Amapá, a violência que mais têm afetado as pessoas é a psicológica.
“Jovens LGBTs estão adoecendo por homofobia psicológica, que é você reproduzir um discurso LGBTfóbico. É o que leva esses jovens ao adoecimento, de não ter acesso a uma política de saúde mental. Isso é um grande problema. Nossa juventude está sendo vítima e infelizmente está encontrando no álcool e em outras drogas, ilícitas, uma forma de enganar essa violência que sofre da sociedade”, descreveu André Lopes, diretor de relações institucionais da União Nacional LGBT.
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Esse tipo de homofobia psicológica apontada por Lopes gera, entre outras consequências, problemas mentais. Para o diretor, o que vem depois dessa homofobia não é acompanhado pelo poder público.
“A gente não consegue ter dados porque infelizmente não conseguimos trabalhar a saúde mental desses jovens LGBTs, ou o tratamento que a gente possa emancipar ou acabar com a homofobia. Essa é a pior homofobia que a gente enfrenta, porque é algo silencioso, que deixa os jovens deprimidos, sem autoestima, que não conseguem ter uma relação afetuosa devido esse discurso”, citou Lopes.
Esta quinta-feira (17) é considerado o Dia Internacional Contra a Homofobia, que celebra a data em que a homossexualidade foi excluída da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), catálogo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990.
Apesar de já estar fora dessa lista há quase 30 anos, os LGBTs continuam tendo que mostrar à sociedade que nada têm de doença ao ter uma orientação sexual ou gênero diferente que o do heterossexual.
“A homofobia, que é a aversão às pessoas LGBTs, tem várias formas de como é demonstrada. A violência física é a mais cruel, quando as pessoas são mortas devido à orientação sexual e à identidade de gênero. O Brasil ainda é o país que mais mata LGBTs”, lembrou.
Na noite do dia 29 de outubro de 2017, a travesti Niely Lafontayne, de 30 anos, foi morta com um tiro no rosto e outro no abdome. O crime aconteceu em ponto de prostituição em Macapá, cometido por dois homens não identificados e, na época, o motivo ainda não era claro.
São casos como esses que elevam as suspeitas de que as mortes aconteceram ocasionadas por homofobia.
Violência moral e suicídio
Lopes ressalta que a aversão à homossexualidade chega muitas vezes em tom de “brincadeira” o que leva o LGBT a entender que ele não é aceito onde vive.
“Nós sofremos na família, na escola, na universidade, no trabalho, na sociedade em si. De todo dia chamar a pessoa de ‘viadinho’, ‘sapatão’, ‘caminhoneira’, dizer que Deus não aceita isso. A homofobia psicológica leva ao adoecimento da população LGBT e até mesmo ao suicídio, principalmente dos jovens LGBTs”, informou.
De acordo com a União, seis jovens cometeram suicídio no Amapá, de janeiro até o dia 16 de maio, por não terem a orientação sexual aceita pela família ou amigos.
“O suicídio é silencioso. O grande problema é que, quando a pessoa se mata, ninguém quer falar sobre o motivo que levou essa pessoa se matar. Claro, tem muitos fatores, mas a homofobia é um dos motivos. […] Imagina o que é para um adolescente ouvir que deve morrer porque ele tem o desejo por uma pessoa do mesmo sexo dele. Isso é muito cruel”, citou Lopes.
Homofobia institucionalizada
O homossexual também tem dificuldades em acessar serviços públicos devido à sexualidade, segundo a União.
“O estudo, por exemplo. As travestis não estão nas salas de aula, estão nos pontos de prostituição, porque com certeza a escola não estava e não está preparada para atender, recepcionar e fazer a permanência desses estudantes na sala de aula. Muitas vezes é o agente público impedindo essa população de ter acesso à política pública, saúde, educação, assistência social, ou até mesmo dele entrar em algum espaço devido à identidade de gênero”, comentou.
Esse tipo de barreira será tema de uma roda de conversa nesta quinta-feira, no campus de Macapá da Universidade Federal do Amapá (Unifap), através do acesso ao ensino superior. O evento chamado “Café Debate” é gratuito e inicia às 16h, na cantina central da universidade.
Fabiana Figueiredo