(O Globo/UOL Notícias) Apesar de apelos por clemência feitos por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, a iraniana Shahla Jahed foi executada em Teerã por meio de enforcamento. Shala havia sido condenada por matar a facadas a mulher de seu ex-amante, o jogador de futebol Nasser Mohammadkhani, há nove anos.
Shahla Jahed era “esposa temporária” de Mohammadkhani, ex-atacante da seleção iraniana nos anos 1980 e ex-técnico do Persepolis, time de Teerã. A lei islâmica do Irã permite aos homens ter até quatro esposas permanentes e um número ilimitado de mulheres temporárias. Já as mulheres iranianas só podem ter um marido.
Shahla Jahed chegou a confessar o assassinato, mas depois voltou atrás. O grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional disse que havia provas consideravelmente boas de que ela tinha sido condenada erroneamente.
Segundo a agência iraniana Isna, Mohammadkhani compareceu ao enforcamento de Shahla, em que o filho da vítima, Laleh Saharkhizan, puxou a cadeira sob os pés de Jahed.
“O que meu filho e a mãe de Laleh decidirem, está bom para mim”, disse Mohammadkhani, antes da execução. “A assassina da minha mulher deve ter a punição apropriada.”
Em entrevista dias antes da execução, Jahed alegou ser inocente. “Quero responder às coisas que os pais dela disseram, que vieram da dor que eles estão sentindo há oito anos, uma dor que nós dividimos. Mas eles não querem me ouvir”, disse ela.
A Anistia Internacional, que fez um apelo de última hora contra a execução, afirmou: “Há bons motivos que sugerem que ela pode ter sido condenada equivocadamente. Ela não pode ser obrigada a pagar com a vida.”
O caso de Jahed tem alguma semelhança com a situação de Sakineh Mohammadi Ashtiani, cuja pena de morte por apedrejamento em consequência de adultério foi suspensa após imenso protesto internacional. Sakineh, no entanto, ainda pode ser enforcado por envolvimento na morte de seu marido.
Segundo a Anistia Internacional, o Irã é o segundo país no mundo que mais executa penas de morte, atrás apenas da China. Ao menos 346 pessoas foram executadas no Irã em 2008.
Acesse as matérias:
Amante de ex-jogador é enforcada no Irã por matar a mulher dele (O Globo – 02/12/2010)
Irã executa mulher ex-amante de jogador de futebol (UOL Notícias – 01/12/2010)