03/11/2012 – Julgamento do goleiro Bruno terá confronto de versões dos acusados de matar Eliza Samudio

03 de novembro, 2012

(Veja.com) Os envolvidos na morte da jovem Eliza Samudio, desaparecida em 2010, ficarão novamente frente a frente a partir do dia 19 deste mês. O Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, será a sede do júri que promete movimentar o país. Bruno Fernandes, o goleiro que até 2010 era ídolo do Flamengo e chegou a ser cotado para a Seleção Brasileira, encabeça a lista de réus acusados de sequestrar e matar Eliza – a ex-amante com quem o atleta teve o menino Bruninho.

A expectativa é de que, por 10 dias, a repetição dos detalhes macabros do crime cause uma nova onda de comoção. E finalmente, diante da Justiça e dos jurados, os acusados devem se pronunciar. O histórico recente de manifestação das defesas indica que o véu de silêncio que reveste o caso pode se desfazer: Bruno e seu braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, não compartilham mais a mesma linha de defesa, e as teses convergentes podem ajudar a depurar a verdade sobre o que ocorreu em junho de 2010 entre o Rio de Janeiro e o sítio do jogador, em Esmeraldas, onde Eliza e o bebê ficaram em cárcere privado.

Entre as conclusões da Polícia Civil mineira, está a de que o plano inicial incluía o assassinato do bebê. Até hoje o corpo de Eliza não foi encontrado, e o Ministério Público terá trabalho para conseguir, sem esta prova material, dar aos jurados a certeza de que a jovem foi assassinada.

Apesar da convicção da acusação – e do público – de que Eliza foi brutalmente executada, parte dos advogados dos réus ainda sustenta que simplesmente não houve crime. Bruno nega ter tramado o sequestro, e diz que apenas deu dinheiro a Eliza – através de Macarrão – para que ela viajasse. Já Macarrão afirma ter deixado a jovem em um ponto de táxi, de onde ela partiu para nunca mais ser vista. O passado de Eliza, que atuou em filmes eróticos, alimentou ainda uma ‘hipótese’ formulada por Macarrão: segundo ele, Eliza teria deixado o filho recém-nascido para trás porque queria ganhar a vida trabalhando na indústria da pornografia.

Bruno e Macarrão no início negaram a existência do crime. Mas passaram a admitir que houve o assassinato. Os advogados de Bruno recentemente levantaram a hipótese de Macarrão ter agido “por ciúme” e por conta própria. A revelação, feita por VEJA, de uma carta escrita por Bruno para o amigo escancarou uma estratégia combinada previamente entre os dois: para livrar o goleiro, Macarrão poderia assumir toda a culpa. Dessa forma, Bruno voltaria a jogar e sustentaria a defesa dos demais envolvidos no caso.

A acusação tem esperança de, a partir dos acusados em segundo plano, obter mais detalhes do caso. Durante muito tempo foi Bruno quem sustentou advogados de defesa, o que garantiu o silêncio dos demais envolvidos no crime, em favor da proteção do atleta. No banco dos réus, na iminência da condenação por sequestro e cárcere privado, personagens menos importantes na hierarquia das orgias e churrascos do sítio em Esmeraldas podem revelar detalhes esclarecedores para salvar a própria pele.

Serão julgados a partir das 9h do dia 19 os réus Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão (Macarrão), o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (Bola), Dayanne de Souza (ex-mulher de Bruno) e Fernanda Gomes Castro (ex-namorada do goleiro). A previsão é de que as audiências caminhem até perto das 19h diariamente. Os outros dois acusados pelo crime, Elenílson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza, serão julgados em outra data, ainda a ser definida – ambos conseguiram o desmembramento do processo.

Jorge Luiz Sales, primo do jogador, apreendido na época do crime com 17 anos, já foi julgado e cumpriu medida socioeducativa em BH até setembro deste ano. Considerado peça fundamental nas investigações da Polícia Civil, o jovem está em liberdade e foi incluído no programa de proteção à testemunha. Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também acusado pela trama, foi morto em agosto, num crime que a Polícia Civil vê motivação passional, apesar de ele ter sido considerado pela Justiça um “arquivo vivo”, pelas contribuições que deu às investigações.

 

Leia em pdf: Julgamento do goleiro Bruno terá confronto de versões dos acusados de matar Eliza Samudio (Veja.com – 03/11/2012)

 

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas