(Uol notícias) Ex-bancário acusado de 15 estupros é indiciado por crime contra menina de 11 anos em MG Processo sobre suspeito de 15 estupros em BH é suspenso; advogado quer alegar insanidade O ex-bancário Pedro Meyer, 56, acusado de ter estuprado ao menos 15 meninas na década de 90, em Belo Horizonte, teve seis dos onze processos abertos contra ele extintos pela Justiça de Minas Gerais por terem sido considerados prescritos.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), nos processos arquivados, os supostos crimes de violência sexual atribuídos a ele pela Polícia Civil mineira teriam sido praticados há mais de 16 anos, o que configuraria as prescrições deles.
No entanto, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público contra Meyer em dois processos que atualmente tramitam no Fórum Lafayette, na capital mineira. Um deles está suspenso até que o acusado seja submetido a uma avaliação de sanidade mental.
Dois processos ainda estão em tramitação, e um outro foi remetido à Justiça de Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a polícia, em alguns casos, um único inquérito englobou mais de uma suposta vítima.
Meyer foi indiciado pela Polícia Civil mineira, no dia 10 de maio deste ano, por estupro de uma menina que tinha 11 anos à época do suposto crime, em 1997. A vítima, hoje com 26 anos, reconheceu o suspeito em março deste ano na rua em bairro da região centro-sul da capital mineira, seguiu-o até em casa e chamou a polícia.
De acordo com a polícia, o caso desencadeou a investigação, e, desde a divulgação de sua foto, o homem foi reconhecido por mais 15 mulheres que teriam sido vítimas de ataques sexuais dele, ocorridos na década de 1990, na mesma região da capital mineira.
Atualmente, o ex-bancário está confinado no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Dúvidas
A prisão de Pedro Meyer em março iniciou uma sucessão de questionamentos sobre a investigação da polícia em razão da série de estupros ocorridos na década de 1990 contra garotas na faixa etária entre seis e 15 anos na região nordeste de Belo Horizonte.
Dois homens presos e condenados pelos crimes afirmam terem sido confundidos com Meyer por conta da semelhança física. À época, o porteiro Paulo Antônio da Silva, 66, foi acusado de ter violentado três meninas. Após a prisão de Meyer, duas das vítimas admitiram ter indicado erroneamente o porteiro como o autor dos estupros.
O advogado Marco Antônio Siqueira, defensor de Silva durante um período, afirma que, mesmo com o cliente preso, os crimes continuaram acontecendo. O porteiro foi condenado a 30 anos de prisão. Cumpriu cinco anos e sete meses na cadeia.
Adriana Eymar, advogada do artista plástico Eugênio Fiúza de Queiróz, condenado a 40 anos de prisão por estupros contra crianças ocorridos na década de 1990, também diz acreditar que o cliente foi alvo de erro e colocado atrás das grades no lugar de Guimarães. Ela afirmou que iria pedir à Justiça revisão no caso do cliente, que já cumpriu 17 anos da pena.
Pressão da polícia
O defensor de Meyer, o advogado Lucas Laire, havia questionado a culpabilidade do cliente alegando que ele, por se parecer com os outros dois, estaria sendo acusado injustamente. Ainda conforme o advogado, o bancário teria sofrido pressão da polícia para reconhecer a autoria dos crimes.
A delegada Margaret Rocha, chefe da divisão Especializada de Atendimento da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência de Belo Horizonte (MG), que presidiu um dos inquéritos abertos contra o ex-bancário, rebate as acusações e diz que o preso não foi pressionado e teria reconheceu a autoria de ao menos três estupros.
Em relação às investigações praticadas na época dos crimes, ela havia afirmado não ter subsídios para falar em relação às prisões de Silva e Fiúza e sobre supostos erros da polícia na ocasião. Ela não foi a responsável pelos inquéritos.