Em meio à enxurrada de notícias, manifestos, comentários e opiniões suscitados pelo caso Geisy Arruda x Uniban, a pesquisadora Sonia Corrêa divulgou texto no site Sexuality Policy Watch, em que aponta os méritos e limites do artigo Tesão e direitos humanos, do filósofo Renato Janine Ribeiro (Folha de S.Paulo – 15/11/09).
No artigo veiculado no caderno Mais!, Renato Janine destaca que a opinião pública e a mídia ignoraram a questão central no caso da aluna da Uniban: a esfera do desejo: “O que atraiu a sociedade para o caso foi seu lado sexual. (…) O sexo é chamariz, mas não é estudado. Já a educação é uma grande (outra) questão, mas também não é aprofundada.” Ou, nas palavras da pesquisadora: “o sexo tem um poder brutal de deflagrar emoções públicas e midiáticas”.
Sonia Corrêa é coordenadora do Observatório de Sexualidade e Política (Sexuality Policy Watch – SPW), fórum global de pesquisadores e ativistas, e do Programa de Saúde e Direitos do Development Alternatives with Women for a New Era (Dawn). É também integrante da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia).
“Sexo natural” x direitos humanos
Embora tenha apreciado a ênfase de Janine sobre a questão do desejo e reconheça no artigo publicado pela Folha “outro insight importante” do professor Janine Ribeiro, que se refere “aos desafios e complexidades que vêm à tona quando buscamos vincular sexualidade e direitos humanos”, a pesquisadora declara discordar, “radicalmente, do apego do autor a concepções naturalistas ou fisicalistas do ‘sexo’”.
Na avaliação de Sonia Corrêa, essas concepções levam o filósofo a resgatar em sua argumentação o “que há de mais positivista em Freud (o instinto heterossexual), deixando escapar o que ele tem de melhor para compreender a instabilidade e variabilidade da sexualidade humana: a fratura interna dos ‘sujeitos’, a bissexualidade infantil e a polimorfia sexual”.
Assim, conclui a pesquisadora: “o ‘sexo natural’ seria como o ‘mal radical’ – traço da queda dos humanos – que não é possível transformar”.
E Sonia prossegue, manifestando também seu espanto pelo “viés marcadamente heterossexual, para não dizer sexista, das concepções de Janine Ribeiro sobre sexualidade e desejo”, que consideram o corpo feminino como fonte única e principal da incitação ao desejo.
E, para encerrar, a pesquisadora deixa uma provocação, referindo-se à nota na coluna de Joaquim Ferreira dos Santos (O Globo – 25/11/09) sobre um debate organizado por psicanalistas cariocas para discutir o episódio Uniban a partir da pergunta: Por que os homens têm tanto medo de mulheres vestidas de rosa ou de vermelho?
Leia esse artigo na íntegra: A persistente naturalização do sexo: um breve comentário sobre o artigo de Renato Janine Ribeiro – Sonia Corrêa
Acesse também:
• Tesão e direitos humanos – Renato Janine Ribeiro (Folha de S.Paulo – 15/11/09)
Indicação de fontes:
Maria Luiza Heilborn – antropóloga e pesquisadora
CLAM – Centro Latino-Americano de Sexualidade e Direitos Humanos
Rio de Janeiro/RJ
(21) 2568-0599, r. 245
[email protected]
Fala sobre: direitos sexuais; sexualidade; direitos humanos
Sonia Corrêa – cientista política; é coordenadora do SPW e pesquisadora da ABIA
Sexuality Policy Watch e ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS)
Rio de Janeiro/RJ
(21) 2223-1040
[email protected]
Fala sobre: sexualidade, política e políticas de sexualidade; direitos sexuais e reprodutivos; gênero; ativismo LGBT; HIV/Aids
Valéria Pandjiarjian – advogada
CLADEM (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher)
São Paulo/SP
(11) 5083-6320 / 9908-6743
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Fala sobre: direitos humanos; direitos das mulheres; violência doméstica