Ministério Público vai investigar brasileiros que assediaram mulher na Rússia

21 de junho, 2018

Para o MPF, vídeo tem ‘cunho nitidamente machista e discriminatório’. Ato será investigado como crime de injúria.

(HuffPost Brasil, 21/06/2018 – acesse no site de origem)

O Ministério Público Federal no Distrito Federal abriu investigação criminal para identificar os brasileiros que assediaram uma mulher na Rússia e divulgaram a gravação na internet.

O vídeo viralizou e gerou revolta e comentários de repúdio nas redes sociais.

O ato será investigado como crime de injúria (ofensa à honra e à dignidade). Na gravação, os brasileiros fazem a estrangeira repetir palavras que, em português, remetem ao órgão sexual feminino, sem que ela saiba o significado do que diz.

Para o MPF-DF, as imagens têm “cunho nitidamente machista e discriminatório”, e a conduta dos brasileiros feriu a dignidade da mulher e a expôs a “humilhação pública”.

A decisão de abrir inquérito contra os brasileiros, diz o MPF, é baseada nos artigos 1 e 3 da Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher:

  • Artigo 1: “Para os fins da presente Convenção, discriminação contra a mulher significará toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo”.
  • Artigo 3: “Os Estados Partes [signatários da convenção] tomarão, em todas as esferas e, em particular, nas esferas política, social, econômica e cultural, todas as medidas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para assegurar o pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o objetivo de garantir-lhe o exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais em igualdade de condições com o homem”.

Homens identificados

Ao menos 4 brasileiros que aparecem no vídeo já foram identificados.

Um deles é Luciano Gil Mendes Coelho, engenheiro civil natural de Picos (PI). Em entrevista ao portal G1, Coelho disse que já pediu desculpas “a todas as mulheres” e responsabilizou o álcool.

“Todos nós somos seres humanos e erramos. Além disso, não conhecíamos ninguém, bebemos um pouco mais da conta e foi isso”, justificou.

Outro homem que aparece nas imagens é Diego Jatobá, advogado e ex-secretário de Turismo de Ipojuca (PE). A Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE) informou que vai investigar a conduta do advogado.

O terceiro identificado é o policial Eduardo Nunes, que atua em Lages (SC). A Polícia Militar de Santa Catarina informou que abrirá um processo administrativo para apurar a “conduta irregular do militar”.

“A corporação não corrobora com este tipo de atitude que é incompatível com a profissão e o decoro da classe”, disse a PM, em nota enviada à imprensa.

O quarto é o jornalista Leonardo da Silva Júnior. Conhecido como Leo Catuaba Selvagem, ele foi criticado por colegas de universidade em uma carta de repúdio divulgada nas redes sociais.

“Nós, jornalistas, ex-alunas/os da Universidade Metodista de São Paulo, do curso de Jornalismo, graduadas/os no ano de 2006, no período noturno, vimos por meio desta carta declarar o nosso absoluto repúdio ao ato do colega de turma Leonardo da Silva Júnior, conhecido nas redes sociais como Leo Catuaba Selvagem, que, junto de um grupo de homens, praticou assédio contra uma mulher russa, fato registrado em vídeo pelos próprios assediadores e que vem sendo amplamente divulgado e criticado.”

Débora Melo

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