“A mutilação genital feminina é uma violação dos direitos humanos”

06 de fevereiro, 2017

Quem lembra é o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Dia Internacional de Tolerância Zero à prática; 30 países ainda realizam a mutilação genital feminina; maioria das vítimas tem menos de cinco anos de idade.

(Rádio ONU, 06/02/2017 – acesse no site de origem)

De acordo a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a mutilação genital feminina precisa acabar totalmente até 2030. No Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, neste 6 de fevereiro, o secretário-geral da ONU lembra que a prática viola os direitos humanos.

António Guterres destaca que as mulheres e as meninas que sofrem a mutilação perdem “sua dignidade, enfrentam riscos para a saúde e sofrem de uma dor desnecessária”.

O que é

As consequências duram a vida toda e podem ser fatais. O assessor sênior do Fundo de População da ONU, Unfpa, Elizeu Chaves, explica o que é exatamente a mutilação genital feminina.

“É uma prática realizada hoje em cerca de 30 países do mundo e consiste na remoção de parte da genitália feminina parcial ou integral, da genitália externa. É uma prática que segue valores e tradições de algumas comunidades. Trata-se na verdade de uma violação de direitos humanos, sem nenhum tipo de benefício no campo da saúde.”

Elizeu Chaves foi entrevistado pela ONU News em Nova Iorque. Segundo ele, existem 200 milhões de garotas e de mulheres no mundo que sofreram a violação. A maioria são meninas com menos de cinco anos de idade.

Guiné-Bissau

Quase metade dos casos ocorre em apenas três países: Egito, Etiópia e Indonésia. O especialista do Unfpa informa que entre as complicações estão sangramentos, cistos, infecções, infertilidade e até a morte.

O Unfpa trabalha com vários países para tentar conscientizar comunidades sobre a importância de pôr um fim à mutilação genital feminina. Elizeu Chaves menciona a Guiné-Bissau e outras nações como casos de sucesso.

“Nossa parceria levou à criação de um módulo de atenção obstétrica e neonatal de emergência, que já incorpora a prevenção à mutilação genital como parte integrante do exercício dos profissionais de saúde. Nos últimos anos, por conta deste programa conjunto, 13 dos 17 países que são beneficiados já estabeleceram uma linha orçamentária com recursos para enfrentar a mutilação genital feminina. Mais de 1,6 milhão de meninas atendidas receberam serviços relacionados à mutilação genital feminina.”

Apesar da maioria dos casos ocorrer na África, a prática também acontece em nações do sudeste-asiático e até da América Latina. A comunidade indígena Emberá, da Colômbia, por exemplo, acredita que a mutilação genital feminina ajuda a prevenir a infidelidade.

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