(Folha de S. Paulo, 09/06/2015) Quatro garotas entre 15 e 17 anos saem para um passeio nos arredores da pequena cidade de Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina.
No caminho, são abordadas por um homem armado. São brutalmente estupradas e mutiladas por esse homem e mais quatro menores.
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Uma delas tem os seios cortados por uma faca e a outra sofre perfurações nas coxas.
Em seguida, são amarradas pelos punhos e pelos pés e arremessadas de um morro com altura de oito metros.
Uma das meninas, de 17 anos, morreu no último domingo (7). Teve esmagamento da face, lesões pelo pescoço e traumatismo no tórax. As outras seguem internadas no Hospital de Urgências de Teresina.
Os quatro menores que participaram da barbárie, todos com passagens anteriores pela polícia, foram apreendidos e confessaram o crime. Adão José de Souza, 40, apontado como o mentor, também está preso.
Revoltados, moradores de Castelo do Piauí queimaram pneus em frente à delegacia. O caso tem reforçado o movimento pela redução da maioridade penal. Os quatro adolescentes foram transferidos para a capital do Estado sob ameaça de linchamento. O maior de idade está na Penitenciária de Altos em ala de isolamento.
Quem são esses menores? Semianalfabetos, usuários de drogas, miseráveis, com famílias desestruturadas e com histórias de loucuras, abusos e abandono.
O caso, que aconteceu em 27 de maio, deveria ter viralizado nas redes sociais, mas, exceto no Piauí, está passando quase que despercebido no resto do país.
Pergunto-me o porquê desse silêncio? Será que a vida de quatro garotas pobres do interior do Piauí vale menos do que qualquer coisa que aconteça na avenida Paulista, em São Paulo, ou na Lagoa, no Rio, para chocar as pessoas e chamar a atenção da mídia, das redes sociais, do mundo?
Há uma semana, um grupo de mulheres prestou uma homenagem às meninas de Castelo do Piauí. Espalhou flores em volta do maior pronto-socorro do Estado, onde estão internadas três das quatro garotas violentadas. Também foi criada a campanha Flores Para Elas.
Atenção, cuidado e muito amor. É disso que essas meninas precisam neste momento.
Acesse o PDF: O silêncio sobre o estupro coletivo de quatro meninas, por Cláudia Collucci (Folha de S. Paulo, 09/06/2015)