O chefe de Estado condenou o machismo enraizado na sociedade mexicana e prometeu “garantir a segurança das mulheres”
(Notícias ao Minuto Brasil, 14/02/2020 – acesse no site de oritem)
As agências da Organização das Nações Unidas (ONU) representadas no México pediram hoje justiça ao Governo e contenção aos órgãos de comunicação social na sequência do homicídio de uma mulher, cujas fotografias do crime foram difundidas por vários veículos.
De acordo com um comunicado assinado pelas várias agências das Nações Unidas no México, citado pela agência espanhola Efe, é pedido às autoridades daquele país que investiguem, numa perspectiva dos direitos humanos e de gênero, o feminicídio de Ingrid Escamilla, no último fim de semana, que foi esquartejada pela pessoa com quem mantinha uma relação, na Cidade do México (capital do país).
A ONU pede também o Governo a inquirir os órgãos de comunicação social mexicanos sobre a difusão de imagens do crime.
As Nações Unidas sublinharam que os veículos não deveriam divulgar conteúdos que possam apelar para a violência contra as mulheres, como, por exemplo, imagens explícitas dos corpos violentados, títulos de notícias que sugerem que a violência que as vítimas sofrem é culpa delas ou textos que justifiquem ou diminuam os atos criminosos.
“A difusão cotidiana de informação sem perspectiva de direitos humanos e de gênero contribui para a perpetuação dos estereótipos de gênero e para a normalização e justificação das diversas formas de violência que são exercidas contra milhões de mulheres, moças e adolescentes no México”, argumenta a ONU.
Segundo o Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública do México, 10 mulheres são mortas por dia naquele país.
O homicídio de Escamilla provocou contestação nacional devido à violência do crime, uma vez que o companheiro da vítima esquartejou a mulher em frente ao filho e porque as imagens do crime foram difundidas em vários diários nacionais e meios eletrônicos.
A Secretaria de Governo do México emitiu uma declaração na qual pediu aos diferentes órgãos de comunicação social que evitassem a difusão de conteúdos como este.
A decisão foi saudada pela ONU, que reiterou que “há um enquadramento jurídico nacional e internacional que obriga o Estado mexicano a elaborar estratégias para eliminar os estereótipos discriminatórios contra as mulheres nos meios de comunicação social”.
Vários ativistas convocaram hoje uma manifestação em frente ao Palácio Nacional, reivindicando ao Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, a tomada de medidas contra a discriminação de gênero.
O chefe de Estado condenou o machismo enraizado na sociedade mexicana e prometeu “garantir a segurança das mulheres”.
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