(Agência Brasil, 24/07/2015) Qual o lugar da mulher negra na maior universidade pública do país? A ausência de pessoas com esse perfil entre alunos, professores e na gestão foi questionada no debate A Mulher Negra no Mundo do Trabalho, promovido hoje (23) pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento marcou as celebrações do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, a ser comemorado neste sábado (25).
De acordo com uma das diretoras do sindicato, Marli Rodrigues da Silva, a universidade tem número grande de mulheres negras em posições “invisíveis”. Geralmente são as terceirizadas (copeiras e faxineiras, por exemplo, que passam despercebidas, e servidoras que não ocupam cargos de gestão, lembrou ela.
Segundo Marli, encontrar mulheres negras entre estudantes e professores é ainda mais difícil. “Elas estão ausentes desses espaços, principalmente, nos cursos de [ciências] exatas.”
Para tentar promover uma mudança na universidade, Marli diz que é preciso falar sobre essa realidade e propor mudanças práticas. “Ou seja, criar condições dessas mulheres ascenderem.” No caso das servidoras e funcionárias terceirizadas, ela citou iniciativas importantes, como aulas de alfabetização, cursos e condições efetivas para elas crescerem profissionalmente.
A representante do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ Gabriela Celestino, aluna de enfermagem, que participou do debate, denunciou casos de racismo institucional, que impactam no dia a dia das alunas. Sem citar nomes, relatou casos de estudantes negras constrangidas, principalmente por causa do penteado ou do cabelo afro. “As mulheres negras vêm para universidade, um mundo que não é nosso, e sofrem discriminação em sala de aula. São vários casos de sexismo e de racismo, com professores, por exemplo, mandando as meninas negras prenderem ou arrumarem seus cabelos.”
A pró-reitora de Pessoal da UFRJ, Regina Dantas, que assumiu há uma semana, disse que o debate sobre o lugar da mulher negra na universidade ajuda a desvelar o tema. Ela propôs ampliar a discussão. “Temos o hábito de só olhar para a questão de gênero, mas temos que ir além. Pensar como o Brasil produziu o racismo e enfrentá-lo”, afirmou.
Isabela Vieira; Edição – Stênio Ribeiro
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